sábado, 28 de abril de 2007

Receita de Casamento


Recentemente, terminei de ler o livro “O Monge e o Executivo – Uma história sobre a essência da liderança” de James C. Hunter. (Dentro da minha meta (horrível) de ler (apenas)1 livro a cada 3 meses. Mas é a meta plausível, para mim, neste momento.

Mas voltando ao livro, num determinado momento ele fala sobre casamentos. Sendo eu uma pessoa que está no segundo casamento, casada com um marido também reincidente....risos...sendo parceira na criação de um enteado, dois filhos e filha de pais separados e também re-casados com irmãos de ambos os lados (de pai, de mãe e de pai e mãe); me considero uma pessoa que tem alguma coisa a falar a respeito de casamentos.

E lá, no livro, há trecho que achei muito interessante porque dá uma receitinha para tentar salvar casamentos.

Como acredito que para casar não há receita. Quem sabe não há receita para continuar casado?

O que posso dizer é que cada dia mais os relacionamentos são descartáveis. As vidas, as amizades e até os filhos. Talvez pela facilidade em ser aceito na sociedade atual, talvez pela emancipação da mulher, que hoje não está mais dependente do marido e pode, sim, decidir-se por acabar com o relacionamento, talvez porque os homens estejam menos comprometidos com suas famílias.

Não sabemos de fato se existe uma razão óbvia. O fato é que as novas famílias formadas por irmãos de vários casamentos, não é uma realidade tão nova assim. Vide o meu caso que , hoje com 35 anos, tenho pais separados desde os 4 anos e tenho um irmão de 27 anos do segundo casamento de minha mãe. Logo, casamentos defeitos e refeitos, não são novidade para ninguém, acredito.

Mas será que não devemos tentar mais antes de desistir?
Será que não desistimos rápido demais daquela pessoa que um dia nos despertou tanto amor?
Com quem decidimos ter filhos?
Com quem dividimos nossos sonhos e nossos projetos para toda uma vida?

Claro que eu não sou exemplo, afinal sou divorciada e estou no segundo casamento. No meu caso, sendo absolutamente sincera, acredito que o insucesso de minha primeira tentativa foi a imaturidade. Casei-me cedo demais achando que amava uma pessoa que eu achava que tinha tudo a ver comigo. E descobri depois de 10 anos que eu não sabia o que era amor, nem o que era um companheiro ideal para mim quando decidi me casar. E assim vai acontecer com 99% dos separados: todos terão seus motivos para justificar que não era a pessoa certa ou que era a pessoa certa na hora errada ou ainda a pessoa errada na hora errada.

Mas o que posso afirmar é que, hoje, tendo já vivido essas coisas, eu tentaria de tudo para manter meu casamento (atual), meu relacionamento e não desistiria dele porque simplesmente posso afirmar que ele é a pessoa que quero ter ao meu lado aos 80 anos, com quem quero passar o resto da minha vida conversando (porque no final , é isso que nos restará...). Meu grande companheiro.
E você, passaria o resto de sua vida conversando com seu companheiro(a)?

Então tente, não desista, porque como filha de pais separados e mesmo tendo convivido bem com meus “padastros”, não fazendo nenhuma diferenciação entre meus irmãos (mesmos os que não são de pai e mãe) e podendo afirmar que ter pais separados não é o fim do mundo e pelo contrário, me fizeram amadurecer mais cedo para muitas outras coisas...
Ainda assim, penso que quero que meus filhos vivam exatamente como vivem hoje: como o amor e a convivência de seus pais debaixo do mesmo teto.

Sendo assim, como acredito que nosso blog seja por um futuro melhor para nossos filhos, esse assunto é mais do que pertinente.
Não sei a receitinha será boba ou útil, mas vale uma reflexão.

Beijo à todos!

Tony Campolo, muita vezes fala sobre o poder da práxis na cura dos casamentos. Ele afirma que a perda de sentimentos românticos que leva os casais a se divorciarem pode ser corrigida se o casal desejar. Para obter isso, cada um dos dois assume um compromisso durante 30 dias.
Eles se comprometem a tratar o cônjuge da maneira como o tratavam quando havia grandes sentimentos românticos, na época do namoro. A tarefa dele é dizer à mulher como ela é bonita, mandar-lhe flores, convida-la para jantar fora, etc. – em suma , fazer todas as coisas que fazia quando estava “apaixonado” por ela. A mulher também tem de tratar o marido como um novo namorado. Dizer-lhe que é bonito, preparar seu prato favorito, enfeitar-se para ele, esse tipo de coisa.
Campolo afirma que os casais que se comprometem com essas difíceis tarefas retomam os antigos sentimentos. Isso é práxis : Os sentimentos virão em função do comportamento.
Mas é tão difícil começar. Forçar-se a dar consideração e respeito à alguém de quem não gosta, ou comportar-se de maneira amorosa com alguém nada amável pode parecer uma prisão.
De fato, é.

Alongar-se e fazer nascer músculos emocionais é como alongar e fazer crescer músculos físicos. É difícil no princípio. Mas com compromisso e exercício adequado – prática – os músculos emocionais , assim como os físicos, se alongam e ficam maiores e mais fortes do que você podia imaginar”.

Acho que faz algum sentido, afinal, como diz em outro trecho do livro: “Amar não como você se sente em relação ao outro, mas sim , como você se comporta em relação ao outro”.

Bom final de semana!

4 comentários:

Anônimo disse...

Se você não tivesse separado, vc não teria casado de novo. Separação tem também um lado positivo, não tem?

Ana Cláudia disse...

Ih...que afirmação complicada de explicar...rs...mas vou tentar.
Segundo casamento é sempre ou quase sempre, melhor. Porque simplesmente já cometemos alguns erros, já vivemos a experi~encia do casamento e estão os dois, dedicados a que o segundo casamento dê certo. A tolerância, a dedicação, a escolha do novo parceiro, tudo tende a ser mais acertado.
Mesmo tendo separado sem filhos, por iniciativa minha, uma separação é sempre uma separação.
Ficamos tristes sempre que temos notícia de alguém está se separando. Não é fácil o que estará por vir para essas pessoas. Do emocional ao financeiro. Com filhos a coisa piora. Meu marido levou 5 anos para se separar de fato. Mas saiu tranquilo porque tentou de tudo. Aí, casamento sem amor, admiração, vontade, é melhor acabar mesmo. Porque os filhos somente serão felizes, se os pais forem felizes. De nada adianta ter pai e mãe dentro de casa vivendo num inferno. Não me lembro de meus pais juntos mas tenho certeza que foram mais felizes em seus casamentos posteriores do que se ficassem juntos por causa de mim e dos meu irmão.
E não tenho nenhum problema com isso.
E quando digo que quero meus filhos vivendo com pai/mãe debaixo do mesmo teto, comecei com a palavra amor. Pretendo dar a meus filhos um casamento de amor, admiração, companheirismo e respeito e tentarei de tudo para que seja assim.
Difícil? E quem disse que as coisas boas são fáceis...?

Anônimo disse...

Desfazer uma união que já não propicia felicidade é um direito e deve sempre ser um recurso disponível, viável e não estigmatizável. O problema é que nossa sociedade, cada vez mais, ESTIMULA (por meios subliminares ou não) a separação como PRIMEIRO recurso.
Vejo nisso um certo culto ao hedonismo (prazer, prazer, prazer), que vem se estabelecendo entre nós como uma quase religião.
Sinto muita pena ao ver casais desfazendo suas uniões sem se dar a chance de tentar consertar os erros e seguirem juntos.
Às vezes não dá, mas quando dá é tão bom quanto uma nova conquista. Faz a gente se sentir vencedor. Eu falo por experiência própria!

Cristiane A. Fetter disse...

Adotem o meu lema, reciclar sempre, inclusive casamento. Sou a segunda mulher de meu marido (marido reciclado, risos) e ele entrou nesta relação com muita certeza do que queria e principalmente sabendo o que não queria. Eu só absorvi e burilei os vícios anteriores. É fácil? não. É simples? não. Mas já são 15 anos de esforço e dedicação e claro doação. E eu concordo com o Ivo Fontan, a gente se sente vencedor. Adorei o texto.