sábado, 30 de junho de 2007

Cinco Pedrinhas

Há poucos dias, em um intervalo de uma de minhas aulas de laboratório, olhando para um almofariz cheio de pedrinhas de mármore (usadas em nossas experiências como carbonato de cálcio), lembrei-me de um antigo jogo da minha infância e, quase sem sentir lá estava eu tentando recuperar a antiga destreza, jogando uma pedrinha para cima enquanto capturava a outra, depois duas, depois três...

Identificaram? Era o "jogo das cinco pedrinhas". Absorto nas minhas reminiscências custei a perceber que era observado atentamente por uma curiosa. Era uma das minhas alunas-monitoras, que, com expressão surpresa tentava entender o que eu fazia.

Surpreso também fiquei eu ao constatar que aquela menina de uns quinze ou dezesseis anos nunca tinha visto nem ouvido falar daquele joguinho.

Ensinei-lhe as regras básicas e, enquanto ela meio fascinada e totalmente atabalhoada tentava aparar as pedrinhas, fiquei pensando e lembrando de outros jogos e brincadeiras da minha infância.

A sirene de início da aula interrompeu minhas divagações e encerrou abruptamente aquela primeira experiência lúdica de minha monitora. A próxima turma acabava de adentrar o laboratório.

Olhando aquelas meninas e meninos em alegre rebuliço guardando suas mochilas (com seus celulares, ipods e, possivelmente camisinhas) nos escaninhos para se dirigir às bancadas de ladrilhos onde os esperavam os tubos de ensaio, provetas e pipetas para uma nova aula de química, passou-me pela cabeça uma idéia maluca que, felizmente assim como veio passou, me livrando quase certamente de um inquérito administrativo ou um encaminhamento psiquiátrico!

Pensei, seriamente, em não dar uma aula de química naquele dia, mas sim dividir a turma em dois e promover um tremendo "pique-bandeira" naquele laboratório. Seguido de um "pera, uva ou maçã". Logo depois uma rodada de "espadinha"...

Eles nem desconfiaram, mas teriam se divertido um bocado!
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Texto de Ivo Fontan

3 comentários:

Ana Cláudia disse...

É muito engraçado mesmo!
Minha empregada tem idade de ser minha filha...rs...e não viveu nada daquilo que nós vivemos...
Embora, claro, tenha vivido no interior e a vida tem muito da vida simples dessas brincadeiras...
Eu estudava em escola pública, brincava muito na rua e tenho certeza, tive uma infância bem diferente da que meus filhos terão. Mas não vejo isso de forma completamente negativa porque nós mesmos tivemos uma infância completamente diferente da dos nossos pais e nem por isso, dizemos que não foi boa.
E assim será com as crianças de hoje: farão suas lembranças e sua boa infãncia com as ferramentas e a relidade do tempo delas e dirão mais tarde que seus filhos não terão uma infância tão gostosa como a que eles tiveram...

Anônimo disse...

Ivo, que bom resgatarmos a infância (excelente postagem). Olha gente, tenho apenas 26 aninhos e não só conheço, como também brinquei de amarelinha, de cinco marias (ou cinco pedrinhas), de jogar peão, de soltar pipa, de queimada... sem contar as belas cantigas de roda que aprendi com meus avós e meus pais: dona baratinha, meu galinho, dona aranha, terezinha de jesus, alecrim, nesta rua mora um anjo... Como aproveitei minha infância... Fico triste em saber que tem pessoas da minha idade que não conhecem essas brincadeiras. Será que os pais não valorizam mais esses brinquedos??? Ou não têm tempo (ou preguiça) de brincar com seus filhos??? Mas há aqueles que sabem a importância que tem uma boa brincadeira dos tempos de nossos avós. Pais, não se deixem enganar pela era dos botões (televisão, computador, video-game). Dê ao seu filho a oportunidade de ser criança!!! Abraços
-Convido todos os pais para conhecerem o Projeto Idéia Legal-

Anônimo disse...

Com exte texto fui remetida diretamente a minha infância. Brinquei muito disso. Temos que resgatar estes jogos.
Marilia Barbosa.