sábado, 14 de julho de 2007

Será que adianta? ( Cap.2)

Depois do acontecido no shopping, me lembrei do motivo pelo qual este blog foi criado. Ele começou a se formar quando o menino João Hélio foi arrastado vivo por bandidos no Rio de Janeiro. Fiquei muito chocada e me perguntando até onde vamos suportar viver sob tanta violência.


Talvez isso tenha me tocado tanto porque nunca tinha sentido esse tipo de violência tão forte depois de ter sido mãe e principalmente, porque eu sempre me preocupei com o que faria no caso de ser abordada por bandidos estando com meus filhos presos aos cintos de segurança no banco de trás.

Aí, recebi um texto de autoria do Paulo Coelho (que já postamos aqui) falando do quanto temos também nossa parcela de culpa nestas tragédias e em todas que acontecem todos os dias.
O que eu faço? Que mundo vou deixar para meus filhos?
Que nível de violência eles vão ter que enfrentar?

Eu não sabia, como ainda não sei , exatamente o que fazer. Tentei debater isso com um grupo de mães de várias partes do Brasil com bom nível cultural e social, que poderiam se organizar para tentarmos reagir diante deste quadro. Contudo, não quiseram debater o assunto e diante da minha insistência “inconveniente” fui convidada gentilmente a me desligar do grupo e fazer algo por conta própria em outro lugar depois que comentei uma mensagem que postava o editorial do Alexandre Garcia.
Nossa...como eu fiquei triste, na época...
É uma decepção enorme ver tanto desperdício potencial.
Mas na hora de usar nível diferenciado, para tentarmos mudar alguma coisa deste mundo caótico em que estamos vivendo, a maioria se cala .

Para mim foi muito difícil entender: eu dou boa educação ao meu filho, comida mais natural possível, controlo seus programas de TV, etc...

Mas...
Só me cabe rezar para que ele chegue à faculdade vivo.
Porque eu não posso fazer nada para mudar o mundo onde estou.
Estou trabalhando para dar á ele tudo que ele precisa e que se dane este país porque meu filho não precisa dele.
O resto...bem...o resto é o resto.

É como nosso governo: quem manda não quer saber de mudar nada.
E talvez muitas das pessoas que se calam façam a mesma coisa se um dia estiverem no mesmo lugar que eles. "Desfrutando" do mesmo poder.

E, aí, lamento dizer (e digo com tristeza,mesmo), desperdiça-se dinheiro na com educação lúdica, comida orgânica (que algum louco começou a plantar pensando em mudar o mundo...), gasta-se dinheiro á toa na livraria...
No mundo que a maioria não quer mudar,
Tudo isso é perfumaria.

Mas é uma maioria que pensa assim. E isso é o que me desanima.
E da mesma forma que na fila do shopping, somos tão poucos aqui frente a multidão calada que eu muitas vezes me pergunto:
Será que adianta?
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Texto de Ana Cláudia Bessa

5 comentários:

Cristiane A. Fetter disse...

Adianta sim. E você já está fazendo alguma coisa, está aqui, administrando um blog em busca de partilhar dicas/idéias etc de um futuro melhor.
Ana, tudo começa aos poucos e muito trabalho e esforço compensam sempre.
O negócio é continuar e continuar e continuar.
Eu acredito que algumas das ações que realizamos sejam como a classificação de investimentos, curto, médio e longo prazos.
As vezes precisamos esperar um pouco, mas a gente consegue viu?
Beijocas

Anônimo disse...

Essa Ana Cláudia que escreveu este texto não é a mesma que criou este blog.
Xô clone!
Queremos a "original" de volta. Já!

Anônimo disse...

Não pensem que eu estou desanimada, não estou.
Mas quando escrevi o texto me perguntei: o que faz as pessoas serem assim?
O que desencadeia este ostracismo na sociedade? Essa apatia?
Essa frieza, esa comodidade, essa banalização...
Inclusive postei para guardarmos nos arquivos do blog o perfil de Dorothy Stang por causa disso:
Precisamos de brasileiros assim, corajosos, desafiadores.
É claro que na teoria a morte dela é só mais uma e, em tese, mudou pouco , ou quase nada da situação que ela combatia.
Mas é nesta pessoa que não se cala, não se acovarda e não se omite é que estão os verdadeiros exemplos.

Anônimo disse...

Sinceramente, acho que não adianta.
As pessoas, e devemos todos nos incluir, em maior ou menor grau, pansam só em si mesmas.
A coletividade só vale quando não nos prejudica.
Infelizmente a mudança tem que vir de dentro para fora e isso é muito mais difícil.

Anônimo disse...

Gente
Desde sempre na história desta nossa "espécie", poucos, muito poucos mesmo, se destacam das multidões como seres dotados de um espírito altruísta capaz de fazer com que vivam mais em função da coletividade do que de si mesmos. Ao longo da história estas criaturas "iluminadas" foram sendo conhecidas como SANTOS, HERÓIS e mais uma série de denominações que variam com a circunstância (época, cultura, religião etc).
Nós, indivíduos não dotados deste tipo de atributo, não somos "anormais", nem "maus". A nós cabe viver de forma correta, decente, digna. Fazendo isso e, de alguma forma, contribuindo para que outros (pelo menos aqueles que nos vêem como referência, como filhos, alunos etc) também o façam, ESTAMOS FAZENDO NOSSA PARTE!
Pensar "em si mesmo", Paula, não é condenável em si. É natural, é humano. Pensar SÓ em si mesmo já é outra história.
Agora, estabelecer a fronteira entre uma coisa e outra é um exercício PERMANENTE, que eu me esforço para praticar ( e tenho certeza de que vocês também) sempre!