segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

...e a gente se sente um ser (muito) melhor !

Durane a semana, separei roupas e tudo o que pudesse e servisse para ser doado para Santa Catarina. Separamos roupas e sapatos das crianças, um colchão de berço, 2 colchonetes, 3 almofadões, 1 mosquiteiro de berço, roupas minhas e do marido, sapato nossos, casacos (que não usamos seguramente há mais de 8 anos!), utensílios de cozinha (incluindo escorredor de louça, potes, mamadeira e bicos de silicone, escova de lavar mamadeiras e um triturador de legumes, estilo polishop, que é ótimo para preparar papinhas de bebê sem usar eletricidade) e uns poucos brinquedos que consegui convencer os meninos a doar (apesar de que a maioria dos brinquedos que eles têm, eles ainda brincam mesmo... portanto quis fazer de forma que eles realmente se desapegassem e doassem). Amarramos os sapatos que foram possíveis de ser amarrados (nosso barbante acabou...hunf!), colocamos as meias também dentro de seus pares para que não se perdessem e identificamos o que tinha dentro de cada saco.

Gente, nós não somos de guardar tralhas, até porque nos mudamos bastante nos últimos anos, e cada mudança era uma oportunidade de nos livrar do que não usávamos mais. Além disso, doamos muita coisa o tempo todo. Eu não tenho, por exemplo, muita coisa de bebê para doar, porque a maioria esmagadora, eu vou dando sempre que tem bebê/criança pequena por perto e também conhecemos uma fundação seríssima que atende várias famílias no Rio. Mas mesmo assim, enchemos o carro.
Foram 6 sacos enormes de coisas. Como a gente tem coisa que pode servir para outras pessoas!

Enchemos o carro e fomos todos entregar na sede do Corpo de Bombeiros aqui perto de casa. Fiquei um pouco apreensiva por ser domingo, ainda tentei falar com a Defesa Civil (que só deu sinal de ocupado) mas fomos mesmo assim. Chegando lá, fomos muito bem recebidos e eles nos ajudaram a esvaziar o carro e juntaram nossas doações a outras que já estavam lá.

Achei pouco o que encontramos lá diante da quantidade de pessoas que moram na nossa região. Se cada pessoa levar 1 saco, lá devia ter uns 30. Trinta doações num universo de milhares de pessoas é muito pouco. Por isso, escrevi este post e coloquei aqui algumas fotos. Não para fazer propaganda de nossas ações, ou promover a caridade como forma de marketing (tem muita gente que faz isso mesmo), mas para incentivar todo mundo que ainda não separou nada que tenha em casa. Ás vezes a gente acha realmente que não tem, mas procure com carinho, tenho certeza que irá se surpreender, como nós nos surpreendemos.

Nosso próximo passo é fazer uma doação em dinheiro no valor de uma cesta básica já que a necessidade não se restringe ao alimento mas também ao preparo dele. Havendo dinheiro, facilita o preparo ou o fornecimento de alimentos preparados e água (eles estão com muita necessidade de água potável). A escola das crianças está recolhendo mantimentos para doação e vamos mandar alguns alimentos para que as crianças levem (quero incentivar neles esta atitude importante).

E por fim, um companheiro de trabalho do marido é morador de Blumenau e está alojando mais 3 famílias além da sua, na casa dele e de sua mãe. Sua casa teve todo o primeiro andar inundado, o prédio da mãe teve inundação até o segundo andar (ela mora no quarto). Vocês podem imaginar, dois andares de um prédio completamente inundados, a quantidade de água, lama, sujeira e estrago? Essas famílias que eles acolheram perderam tudo e não temos como enviar nada para eles diretamente. Dinheiro não temos suficiente para ajudar. Estamos agora pensando em como angariar fundos para ajudá-los. Sua maior necessidade é por água potável que está saindo a mais de 20 reais por galão. Ele chorou ao telefone quando ligamos, não conseguiu prosseguir conversando. É desolador e devemos agradecer todos os dias, estarmos a salvo, em segurança, podendo comer e beber. Sem esquecer que, assim como aconteceu com eles, tudo pode mudar de um momento para outro e sermos nós os necessitados de ajuda. Qualquer ajuda.

________________________________________________________________________________ Ana Cláudia Bessa

5 comentários:

Anônimo disse...

O LF tem família lá, e teve gente com casa inundada. Estamos esperando eles fazerem um levantamento do que precisam, porque perderam quase tudo. :-(

Ontem, pela primeira vez, parei para olhar um pouco no Fantástico a situação. Chorei pelas famílias e chorei porque a culpa disso também é nossa - do bicho homem.

Quando é que as pessoas vão acordar para isso?

Cristiane A. Fetter disse...

Nós nunca estamos preparados para estas tragédias, mesmo que saibamos que somos nós os causadores.
Para você ter uma idéia, até hoje em Nova Orleans existem voluntários que estão trabalhando na reconstrução do local. Olha quanto tempo já passou!
Acabei de ver na globo internacional um coronel do corpo de bombeiros solicitando voluntários, mas que moram por lá mesmo, pq se forem de outro estado não tem como conseguir alojamento para as pessoas.
Ana, você lembrou bem de uma coisas que as pessoas esquecem, matrial para bebes (mamadeira, chupeta, etc) e brinquedos, apesar de quem ontem alguém fez uma solicitação de brinquedos também pelo Fantástico.
Sem contar material de higiene pessoal (absorvente, sabonete, shampoo, escova de dentes, fio dental, etc).
Procter & Gamble, Jhonson&Jhonson, vamos fazer doações.
Não esquecendo que em Campos no Rio de Janeiro, a chuva deste final de semana deixou muito gente desabrigada e eles também estão precisando de ajuda.
Fico muito fragilizada estando longe e vendo meus patrícios passando por estas dificuldades e não poder estar aí para ajudar.
O que eu posso eu já fiz, mas acho pouco.
Acho muito legal mostrar sim o que você fez e até seria interessante conversar com o pessoal para onde voce levou sua doação perguntado o que mais eles precisam.
Beijocas

Rosinha Lima disse...

Eu tb já separei algumas coisas aqui de casa para doar, é pouco mas serve para quem precisa.
Só sinto falta de ver essa mobilização para ajudar os que morrem de fome e sede no sertão nordestino. Um pouquinho de caridade ia fazer bem para eles também, né?

Geovana disse...

Ana, vc se supera. Como conseguiu juntar tanta coisa? Eu tenho um fogão e um colchão, mas preciso saber quem pode levar de Salvador para Santa Catariana. Fiz a doação em dinheiro, por estar longe e já ter doado minhas coisas antes do desastre.

Rosinha, concordo com você. A seca do Nordeste virou algo comum, ningué se importa mais. O Ceará tá de dar dó, mas nem dá ibope. Uma pena, pois estas pessoas precisam de ajuda o ano todo.

Anônimo disse...

Também fiz uma varredura geral em casa e lotei o porta malas do carro e o banco traseiro com muitos pacotes. Doei as roupas e sapatos do meu filho mais velho de 3 anos e meio que estavam sendo guardadas para o menor de 1 ano, esvaziei meu guarda roupas e as gavetas que estavam abarrotadas, fiquei com 4 calças e meia dúzia de camisetas, 2 camisas, 3 blusas de frio 2 tênis e 2 sapatilhas e posso garantir que é um alívio não ter muito o que escolher, e quando bater aquela sensação de que não tenho roupa para determinado evento já tenho espaço no armário e uma bela desculpa para comprar uma roupa nova. O mais velho também doou boa parte dos brinquedos, e também é muito bom ter apenas uma caixa de brinquedos que agora fecha com facilidade. Doar faz bem não só para quem recebe, mas também para quem doa.