Há muito tempo eu queria escrever sobre isso e no post sobre o Natal, a Suzana Elvas que é colaboradora constante com sugestões para temas aqui pro blog, deixou o endereço deste (excelente) documentário e a Renata Matteoni já o havia me enviado por e-mail, que se chama "Criança, A Alma do Negócio" de Estela Renner e Marcos Nisti.
Aqui em casa somos muito preocupados com a quantidade e a qualidade do que as crianças possuem ou têm acesso. Claro que nosso controle, por mais que tentemos não é 100% eficaz. Ainda temos que levar em consideração as diferenças entre o pai e a mãe. Por exemplo, essa semana, eu e o pai tivemos opiniões completamente diferentes sobre um determinado desenho. Claro que eu achando que era muito mais violento do que ele achou. Não dá para impor a vontade ou opinião de um de outro todas as vezes, e no geral, chegamos a um consenso ou aguardamos para ver os efeitos que as decisões ou permissões causam.
Eu sou contra propagandas para crianças. Acho que a propaganda, quando existe, deve ser voltada para os pais que podem discernir sobre consumo. Criança não pode discernir e ainda é facilmente manipulada pelas técnicas de mídia. E um grande exemplo do mal que o consumo excessivo e descontrolado pode causar é ouvir a excelente entrevista com André Trigueiro que fala que o consumismo faz com que jovens cometam mais crimes. E claro que isso vem de antes da adolescência. (Essa entrevista fica disponível em carater constante e por prazo indeterminado no menu lateral aqui do blog mas você pode ouví-la clicando aqui.)
Aqui em casa, como em muitas famílias, o grande desafio é conciliar as tarefas e responsabilidades dos adultos com crianças ávidas por atividades durante todo um dia de chuva, por exemplo. Difícil não ligar a TV por menos de 4 horas por dia para os pequenos. Acha 4 horas muito? Pois são 2 horas de manhã e duas horas de tarde... duas horas são 4 desenhos ou um pouco mais que um filme.
Claro que o assunto é polêmico porque publicitários não querem saber da saúde emocional ou educacional dos nosso filhos, eles querem saber da saúde financeira de suas contas bancárias. E é essa motivação que os faz reclamar com toda a força, chamando de censura (HA-HA-HA), a possível proibição de anúncios para crianças ou anúncios de bebidas alcóolicas (conheça a campanha Propaganda sem Bebida) , assim como, -bendito seja-, aconteceu com os cigarros. E nenhum publicitário morreu de fome, a Souza Cruz não faliu, e eles apenas, como tudo que nos afeta, só precisaram se readequar à nova realidade. Com a grande vantagem de que nossos filhos não precisam, há muito tempo, ver propagandas de cigarros ligadas ao esporte ou à vida saudável, que era a grande MENTIRA PUBLICITÁRIA e INESCRUPULOSA que eles sempre veiculavam.
E aos pais e publicitários que pensem que propaganda não afeta as crianças, vejam o excelente documentário abaixo e ouçam com atenção a última frase que diz:
"...deixar de pensar ou refletir sobre a infância é desconsiderar nosso próprio futuro!"
Falar mais o quê???
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________________________________________________________________________________ Ana Cláudia Bessa
3 comentários:
Esse assunto muito me interessa. Sou publicitária e hoje sou mãe. As coisas não estão fluindo como devia...o lado mãe tem gritado muito! Iniciei uma campanha na web, veiculando anúncios anti-consumismo infantil. Vcs receberam? Realmente, a situação é grave. Soou a favor de uma proibição total de propaganda para criança. Se eles não tem discernimento para quase nada, porque teriam para consumir? E as propagandas da programação das tvs a cabo? Cheias de sexo e violência em horários infantis?
Bom, se quiserem conhecer uma ONG que combate específicamente o consumismo infantil, entrem no site da alana:
www.alana.org.br
Um beijão!
Ana, nem preciso te dizer o que penso a respeito disso, vc já me ocnhece bem...
Mas esse assunto sempre me faz lembrar de uma discussão que rolou num post do blog da Denise (Sindrome de Estocolmo) um tempo atrás, acho que quando rolou aquele manifesto pela liberdade na propaganda. Na ocasião, ao comentar, eu toquei na questão da propaganda infantil e me posicionei contra, claro. Um rapaz que estava fazendo o papel de "advogado do diabo" nos comentários, publicitário, teve a coragem de me dizer que a responsabilidade pelos nossos filhos é exclusivamente nossa, pais e mães. Que a publicidade não tinha nada a ver com isso. Provavelmente ele acha que o governo e a sociedade em geral tb não tem nada a ver ocm isso. Eu lembro que eu contra argumentei dizendo algo que eu vivo repetindo por aí: criar nossas crianças não é tarefa nada fácil, e precisamos de todo o apoio possível sim! E a responsabilidade é de todos, afinal criançãs são o futuro! Achei o máximo essa ultima frase do trailler, porque toca exatamente nisso. As pessoas precisam acordar...
Ah, aqui em casa não rola 4 horas de tv diárias, a não ser na casa da minha mãe ou num dia chuvoso de final de semana, porque o pai tá em casa e foge um pouco do meu controle. Eu e Pipoca, sozinhas, passamos muitas vezes o dia sem ligar a tv. É hábito, e criança acaba arranjando atividades extra tv. Qdo Pipoca era bebê comecei a mostrar desenhos pra ela e, embora ela assista praticamente apenas dvd´s, eu acho que com o proximo filho serei mais radical e tentarei apresentar mesmo os dvd´s só depois de 2 anos. Tentarei, ao menos. Agora, falo do alto da minha experiência com uma criança em casa, com duas já não sei dizer...rs
Beijo!
Re
O assunto muito me interessa. Também tenho uma filha e sinto na pele o que é ter que dizer não, e argumentar e tentar conscientizá-la aos 7 anos de idade.
Saiu uma matéria bem interessante sobre o consumismo infantil no Le Monde diplomatique Brasil, de dezembro.
Gostei do blog.
Abraços,
Gisela
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