As olimpíadas viraram o foco das discussões mais ainda para este país que cada dia mais se transforma numa potência. Tenho lido muito sobre a China e recebido e-mails com todo tipo de mensagem. Existem prós e contras na China como em qualquer lugar, não se pode esquecer.
Sônia Bridi, que é correspondente da Globo fala do lado bom do povo e da cultura da China quando lançamos um olhar prático e sem preconceitos. Afinal, "é um país que conseguiu que 800 milhões de chineses saíssem da miséria em 25 anos. Outros 400 milhões chegaram à classe média. A maior ascensão social da história da humanidade. Ainda segundo ela, lá é possível encontrar bancos em plena rua para se sentar e observar o movimento em ruas bem pavimentadas, arborizadas e com canteiros de flores coloridas. As esquinas são equipadas com (estranhos) equipamentos de ginástica que incentivam a boa forma física. As mulheres estranhamente usam luvas compridas em pleno dia de sol. O resultado é ver senhoras de pele lisa e baixo índice de câncer de pele mesmo com baixo consumo de filtro solar. As bicicletas são o principal meio de transporte, sendo copiado em vários países do mundo. E os livros são disputados em livrarias lotadas porque os chineses respeitam os livros e o conhecimento. O mérito é medido pela educação. Por fim, ela arremata dizendo que se trata de um povo que nos ensina o valor de se sacrificar em favor da geração seguinte. "Uma China disposta a trabalhar como escravos para que a próxima geração alcance uma vida melhor."
É ou não é uma forma nova de ver a China?
Até que ponto nós somos capazes de nos sacrificar pela geração de nossos filhos?
E agora que estamos trabalhando com a confecção das camisetas do Futuro do Presente, não posso deixar de falar da China porque qualquer produto chinês é um concorrente cruel com o mais nacional dos nossos produtos. Tecido não é diferente. Lá se consegue subsídio para criar e produzir de tudo a preço baixo, não só pela mão-de-obra barata. Por quê?
Porque a China está se desenvolvendo e o governo dá um monte de incentivos aos empresários. Uma pequena empresa recebe financiamentos que somente começam a ser pagos depois de 6 meses, segundo fiquei sabendo. Isso é fundamental para uma empresa dar os primeiros passos, sem precisar depositar no preço do seu produto que está entrando no mercado a responsabilidade de se gerir. Ou seja, a pequena empresa já tem condições de colocar no mercado um produto com preço competitivo em relação àquelas empresas que já estão no mercado praticando preços competitivos, que já tem volume de venda e giro de mercadoria para isso. Além disso, existem financiamentos para capital de giro, incentivos fiscais e muitos outros, por exemplo. Então, não é só se falar em exploração de mão-de-obra (como há também no Brasil, diga-se de passagem). A "coisa" é maior, mais complexa e tem seus méritos. O ruim para nós e para o mundo é que o produto chinês não "produz" nada de bom, fora da China. Como no caso das camisetas, o produto chinês, não gera empregos aqui, não dá oportunidades a comunidades de baixa renda, não incentiva nossa produção e a nossa reciclagem... O tecido PET de lá, rcicla a garrafa PET de lá.
E também existem coisas horríveis na China como os maus tratos a animais (bem aqui também tem), lá se come cachorro (aqui se come vaca), a lei do filho-único e a cultura de que o filho homem garante os cuidados aos pais na velhice. E os pais chineses, cobram mesmo em retribuição por tudo que fizeram pelo filho(a). Por outro lado, como seria o país mais populoso do mundo sem controle de natalidade?
Outro artigo fala da poluição e do fechamento das fábricas para os jogos olímpicos. O Governo Chinês não manda recados sutis: fazem tudo às claras. Querem menos poluição? Fechamos as fábricas por dois meses, quando todos forem embora, a gente retoma. E isso, como muitas outras atitudes do governo de lá são tapas na cara dos governos de cá porque a poluição está em todo lugar. Afinal, quem atira a primeira pedra? Querem ver névoa branca? Vão à Niterói e olhem pro Rio!
Mas a China não pára por aí. Li num artigo, não lembro onde, que a China está mudando muito e isso tem que ser analisado com toda calma. e é verdade. Lá o Estado é forte, soberano. E está sendo cada dia mais capitalista. Lá, não é o Mercado que manda, como no nosso capitalismo, é o Estado. E um fato eu não posso negar: tudo que eu queria do Brasil era que ele fosse um Estado forte. Tá, lá tem o Comunismo, o autoritarismo e a violação sistemática dos direitos humanos. Isso ninguém quer.
Mas será que não nada que posamos usar como lição para mudar nosso capitalismo mercantilista e fortalecer nosso Estado?
E o fato é que os produtos chineses estão aí. E a pergunta que não que não quer calar é: O mundo vai continuar onde está a China será expurgada com sua prática capitalista ou o mundo vai ter que mudar senão a China engole o mundo?
Isso me impressiona , ao mesmo tempo em que não me entusiasma em nada, mas eu fico com a segunda opção.
6 comentários:
Já começou a estudar Mandarim?... Eu aconselho. A história recente da China tem que ser analisada com isenção. Em um país que entrou na 2ª Guerra Mundial desde 1932, a miséria e a destruição eram um campo ideal para uma economia socialista (já estava tudo "nivelado por baixo", mesmo...)
O grande problema da China era vencer o "gap" tecnológico. E eles, com a sagacidade típica do chinês, "fizeram um negócio da China" abrindo um "capitalismo restrito". Só que não se governa um país com 1/5 dos habitantes do planeta sendo "bonzinho". O controle do governo é brutal. (a respeito, ler "O Príncipe" de Maquiavel...)
Ana Cláudia;
Há de se ter cuidado em analisar a economia chinesa. Um dos pilares dela é não respeitar patentes - copia-se absolutamente tudo, sem pagar um tostão de royalties ou direito autoral. Isso é bonito em se tratando de remédios como os usados na luta contra a Aids, mas é péssimo para a indústria de eletroeletrônicos e afins - sem contar que, sem despesa, a inundação de mercadorias chinesas baratas acaba com os mercados internos de outros países em desenvolvimento - se incluindo o paruqe têxtil do Estado do Rio de Janeiro, se você quer um exemplo local.
O controle de natalidade resultou no infanticídio de milhões de meninas, abandonadas à própria sorte. Não há legislação ambiental, e o resultado é que a névoa amarela carregada de enxofre e outras substâncias (incluindo cancerígenas) roda o planeta, sendo despejada inclusive em países da América do Sul. Mas da metade dos rios chineses estão mortos.
Há de se ter muito cuidado com o entusiasmo em relação à China. Com todos os sacrifícios para se tirar o país da fome, o que a próxima geração vai herdar vai ser um cofre cheio numa terra devastada.
Abs
Suzana
acho que a questão china é muuuuuito complexa, né?
eu sou a faor dos produtos chineses na china, dos brasileiros aqui, dos japoneses lá e etc. hehe
beijo
"Uma China disposta a trabalhar como escravos para que a próxima geração alcance uma vida melhor."
Assisti uma parte de uma matéria na Globonews, com uma artista e crítica de arte chinesa, e essa mentalidade ficou muito clara pra mim.
Mas não acho isso legal. A preocupação com a geração futura é muito bacana, mas o crescimento que se busca pela China, da forma como se busca (com base no modelo ocidental capitalista) é inviável.
O incentivo às empresas na China é bacana, claro, mas todo esse mundo de novas empresas trabalha com responsabilidade social? E a questão ambiental? Precisamos desacelerar, sobrecarregar menos o planeta. A China, em toda sua dimensão, não pode crescer economicamente dessa forma, adotando o modelo capitalista ocidentel, claro. É certo tb que o ocidente precisa mudar, acho até que já está começando a mudar, com todas as crises que já está enfrentando..
Não sei nem se a ideia, na CHina, é essa mesma, eu não tenho conhecimento de causa pra falar com propriedade. Mas fiquei preocupada com isso quando vi essa matéria a que me referi.Quanto às críticas todas, concordo contigo, há prós e contras, e é aquela velha história, se algo nos causa repulsa é porque tem algo ali que diz muito pra gente, mas é algo para que não queremos olhar. Freud explica...adorei o que a Mary W. falou sobre os pés das chinesas. Te mandei o link pro post dela, não mandei?
Ah, vou a-go-ra no site encomendar minhas camisetas!
Beijo
Renata
Eu acho que o mundo está mudando irreversívelmente e a China faz parte deste processo. E isso não quer dizer que ela faça as coisas como devem ser. Aliás, faz muito coisa que repudio veementemente. Mas quem disse que as mesmas coisas não acontecem no Brasil? Como recriminar a China se estamos apontando com o dedo sujo, como se diz. Tudo o que foi dito aqui, temos no Brasil: desmatamento, injustiça social, crescimento desordenado, poluição, infanticídio (que lá acontece por causa do controle de natalidade e aqui acontece de outras formas como o trabalho infantil, a prostituição, a violência, a falta de ensino básico e saneamento que causa doenças e mortes).
E a corrupção que gera todos estes males e permitem que eles cresçam e se proliferem?
Das 100 melhores instituições de ensino do mundo, nenhuma está na América Latina. Na Ásia, parece que são 34.
E o desempenho heróico de nossos atletas são convertidos num resultado vergonhoso nas Olimpíadas. Esses atletas são heróis e refletem um quadro degradante: falta de incentivo, patrocínio, tecnologia para treinamento.
Em que lugar das medalhas a China está, mesmo?
E o Brasil?
Claro que por trás dese resultado fabuloso da China deve existir coisas ruins, mas existem coisas boas.
O que tem de bom por trás de um resultado brasileiro tão ruim? N-A-D-A! O diego Hipólito está em todos os noticiários se desculpando como se ele não tivesse um país inteiro nas costas para carregar. É muita pressão!
A China tem coisas horríveis, mas porque não podemos pegar as coisas boas e usar de exemplo?
As coisas ruins a gente pode repudiar não comprando os produtos chineses. Assim, eles serão obrigados a melhorar sua qualidade e isso engloba vários aspectos.
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