quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Qual a melhor metodologia para a escola dos nossos filhos?


Eu li bastante sobre as metodologias e descobri que só escolhemos a metodologia se ela estiver acessível , perto de nossa casa. Ou então mudamos de endereço para propiciar aquela determinada metodologia, de uma determinada escola aos nossos filhos. Por exemplo, a metodologia waldorf é super-difícil de encontrar escolas perto de casa. No meu caso, ou eu me mudo para a zona sul do Rio, ou nada feito. Por isso, nem me aprofundei na waldorf. Quando me mudei de cidade procurei um lugar que nos desse qualidade de vida, me surpreendi com o que encontrei. Se antes eu tinha poucas opções, aqui tenho várias, inclusive um escola Canadense cujo método é considerado o quarto melhor do mundo. Diante das opções, escolhi uma escola montessoriana. Coisa que no Rio, acho que só tem em Jacarepaguá e no Méier.

Porque não escolhi a canadense? Porque era cara demais (o que criaria uma distância entre a realidade escolar e a doméstica das crianças), era imersão bilingue (acho importante mas não vejo necessidade imprescindível aos 3-4 anos de idade), tem computador em sala de aula (também acho cedo) e digamos que uns 10 a 15 muntos mais distante de minha casa do que a que escolhi. E muito cimentada também.

Estar perto de casa é importante pela qualidade de vida que isso representa. Escolhi ou fui escolhida pela metodologia montessoriana pela proximidade da minha casa, pelo espaço aberto com gramado, árvores e terra, pela pouca quantidade de turmas, pelas amplas salas, pelas filosofia de prepara a criança para um mundo que ainda não existe ( o mundo que vivemos hoje não é o mesmo de quando estávamos na pré-escola, não é?), pelo material lúdico e didático específico criado por Maria Montessori onde as crianças aprendem vivenciando, tocando , mexendo, interagindo. Também pelas turmas com crianças de idades variadas, pela ausência de avaliação tradicional e sim pelo desenvolvimento particular de cada criança, pela liberdade vigiada onde se permite que as crianças circulem pela escola e pelas outras turmas, pela ausência de computadores nas salas de aula mas também pela determinação de que essa é a metodologia exclusiva seguida pela escola.

Tirando a montessoriana e a canadense, nenhuma das outras (muitas) opções que existem aqui seguiam uma metodologia exclusivamente. A metodologia construtivista, então, nenhuma segue exclusivamente. Todas as outras que visitei foram unânimes em frisar que seguiam o melhor que consideravam de cada método e aí, não me senti segura de que havia realmente um entendimento confiável de que essa mescla seria usada de forma coerente e avaliei um pouco disso através da observação das turmas, do espaço físico, da postura escola-aluno, etc. Não é fácil e também não acho que a escola montessoriana é perfeita, mas acredito ter escolhido a melhor entre as opções que tínhamos. Ou fui escolhida por ela, se pensarmos que é a acessibilidade a ela que me fez ter a opção de escolhê-la.
Fora isso, um dos fatores que sempre é importante lembrar: a metodologia e a escola devem sempre ir de encontro com os valores e princípios de cada família porque deve ser muito confuso para a criança aprender princípios muito diferentes em casa e na escola. E pouco produtivo e educativo também.
________________________________________________________________________________ Ana Cláudia Bessa

6 comentários:

João Carlos disse...

Olha só, Ana Cláudia... Eu não sou um profundo (sequer superficial...) conhecedor dos detalhes das metodologias de ensino, principalmente as de pré-escola...

Meu conhecimento é apenas baseado em discussões com professores de diversos graus do ensino, inclusive pedagogos, e, pelo que pude observar, nenhuma "metodologia" é completa. Ao fim e ao cabo, mais vale manter uma determinada metodologia (se você vier a se mudar, isso pode ser um problema...) do que escolher esta ou aquela, com base unicamente na teoria-base do método.

Ana Paula disse...

Ana,

Hoje estou na correria e sem tempo de me aprofundar no assunto, mas é algo que me interessa muito, pois pretendo mudar o pequeno de escola no ano que vem.

Aqui tb enfrentei o mesmo problema, as escolas procuram escolher o melhor de cada método, e isso deixa espaço para muitos mal-entendidos e situações desagradáveis.

Hoje em dia, meu "sonho de consumo" é uma escola waldorf, que tem um preço acessível, mas é um pouco longe de casa - por isso minha hesitação... amanhã, com mais tempo e calma, explico meus motivos...

Ana Cláudia disse...

João, eu entendo o que você disse. E até concordo na teoria. Na prática o que vi foram posturas totalmente conflitantes dentro da mesma turma porque simplesmente empregavam conceitos de metodologias diferentes que não se encaixam.

Eu não senti nenhuma firmeza dentre as escolas que visitei.Pode ser que seja um apanhado de opções ruins ou então um julgamento amador de minha parte, já que não tenho formação para fazer este tipo de julgamento. Escolha de escola, por mais que se leia, é mais intuição mesmo.

No caso de se escolher uma metodologia específica, é importante informar-se e sentir-se seguro de que a escola está preparada para fazer a transição quando a criança tiver que ir para uma escola "normal".

Escolha de escola: Eita coisa difícil de se fazer...

Estou ansiosa esperando as considerações da Ana Paula a respeito...
;0)

Ana Paula disse...

Diferentes formas de aprender

Na hora de escolher a escola do filho, a gente descobre linhas pedagógicas das quais nunca tinha ouvido falar. Damos uma aula básica pra você entender essa história direito e fazer a melhor opção


Além de instalações mais ou menos bonitas, mais ou menos amplas etc., as escolas diferem em seus alicerces, as chamadas linhas pedagógicas. É aqui que a coisa pega, porque não existe linha pedagógica melhor ou pior. Só aquela que tem mais a ver com os valores da família e a personalidade do seu filho. Acontece que a maioria de nós não é exatamente versada em pedagogia. O melhor jeito de entender como funciona a teoria é mesmo conferir a prática: visitar a escola, assistir a uma aula, ver como os professores lidam com os alunos. Aqui, a gente preparou um guia para você começar o seu caminho. Escolha a linha com que mais se identifica.

TRADICIONAL
A linha tradicional fundamenta-se nas idéias do filósofo Hegel (1770-1831), que acreditava que a escola era um espaço em que se transmitem conhecimentos acumulados pelas gerações passadas. Originalmente, essas escolas eram centradas no professor, que expunha oralmente o que sabia, e na repetição de exercícios para memorização, mas já incorporaram alguns conceitos das pedagogias mais modernas. É a escolha das famílias que valorizam a disciplina e focam mais no conteúdo, preocupandose com a preparação para o vestibular lá na frente. Muitas têm vinculação religiosa, priorizando a formação humanista, como é o caso do Colégio Santa Maria, em São Paulo, que enfatiza valores e ética.

Antes de decidir, procure conhecer as escolas. Muitos de nós têm uma visão ultrapassada dos colégios tradicionais. “Desenvolvemos o pensar para que as crianças saibam lidar com informações e estabeleçam relações entre elas', diz a coordenadora pedagógica da escola salesiana, também católica, Instituto Madre Mazzarello, Evangelina Pereira, filha de Rodrigo e Ida. Ou seja, o tal do pensamento crítico, antes oposto de tradição. “Nossos alunos são solidários, comunicadores e pesquisadores”, diz Cilene Tinelli, mãe de Gabriella, coordenadora da educação infantil do Colégio Marista Arquidiocesano.

Já segundo o coordenador pedagógico Laez Fonseca, do São Luís, colégio jesuíta de São Paulo, a pedagogia inaciana (de Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus) se baseia em contexto, experiência, reflexão, ação e avaliação, conceitos que também inspiram pedagogias modernas. A escola tem brinquedoteca e aula de culinária, antes diferenciais das alternativas. O Colégio Santo Américo segue a linha beneditina, católica, mas se vale de outras abordagens quando ajudam no aprendizado, como a robótica, uma atividade construtivista (em que o aluno participa da construção do conhecimento, como criar um programa para controlar um robô), diz a diretora pedagógica, Elenice Lobo.
Salas de aula: entre 20 e 30 alunos.
Atividades: laboratórios, esportes etc. Muitas têm horta, brinquedoteca...
Avaliação: provas, trabalhos e a famosa lição de casa já para os bens pequenos.
Currículo: As religiosas, em grande parte católicas, desenvolvem trabalho voluntário.


CONSTRUTIVISTA E SÓCIO-CONSTRUTIVISTA
Esqueça a idéia tradicional do aluno sentado ouvindo o professor. Aqui, o conhecimento é construído a partir das percepções da criança e da realidade ao seu redor. Valoriza-se e aprofunda-se o que o aluno já sabe. O objetivo é fazer com que cresçam mais críticos, capazes de aprender por si. Em vez de o professor chegar com uma informação pronta, ele deve estimular a dúvida, a experimentação, o uso de diversas habilidades e o raciocínio. Ao brincar com copos cheios e vazios, a criança aprende o conceito de volume. O professor acompanha as conclusões dos alunos e chama atenção para aspectos da experiência.

O termo construtivismo surgiu a partir dos estudos do biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), que analisou os testes de inteligência aplicados pelo psicólogo infantil Alfred Binet (1857-1911) e percebeu que crianças da mesma faixa etária cometiam os mesmos erros. Ou seja: se tocou de que a criança não era um miniadulto e precisava que o ensino respeitasse seu desenvolvimento. O pensamento de Piaget foi complementado pelo do educador bielorusso Lev Vygotsky (1896-1934), pai do sócio-construtivismo, que enfatiza a importância das relações sociais e da linguagem no aorendizado. Para ele, a aquisição do conhecimento deve acontecer a partir da interação da criança com o meio. Na Escola Viva, sócio-construtivista, as crianças têm à disposição um quintal de terra, horta, animais, ateliê... “Os alunos aprendem por meio de experiências táteis, visuais e olfativas”, explica a professora Kátia Keiko Matunaga, filha de Hideo e Madalena.
Salas de aula: com 20 alunos em média, carteiras reunem até quatro alunos.
Atividades: diferentes formas de arte desafiam e estimulam as experiências motoras. No sócio-construtivismo, o ambiente e o convívio social são usados. A chuva pode ser mote para entender o ciclo da água.
Avaliação: relatórios em que os professores registram o desenvolvimento do aluno, entregues a cada seis meses.
Currículo: desenvolve habilidades artísticas,consciência ecológica, cidadania.

MONTESSORIANA
Na linha criada pela educadora italiana Maria Montessori (1870-1952), o professor é uma guia que identifica e trabalha as dificuldades de cada criança. As atividades motoras, sensoriais e lúdicas e o senso de responsabilidade são enfatizados. Na sua época, o professor simbolizava o centro do sistema. A partir de Montessori, o aluno passa a ser protagonista, lembra a diretora da Organização Montessori do Brasil, Edimara de Lima, mãe de Cibele, diretora da Escola Prima. Para ela, o professor deve ajudar o aluno, jamais fazer por ele.
Salas de aula: reúnem, no máximo, um aluno a cada 3m2. Abaixo de 3 anos, são cinco crianças por professor. As salas parecem brinquedotecas. Os alunos sentam-se em círculos e se movimentam pela sala.
Atividades: realizadas de três formas, individual; em pequenos grupos de, em média, três alunos; e coletivos, com todos.
Avaliação: não costuma ter provas. Quando há, a ficha de observação, preenchida pelos pedagogos, tem peso maior.
Currículo: usa a vida prática para o desenvolvimento da motricidade com materiais que reproduzem, em pequena escala, o que o adulto faz. O movimento de pregar botão prepara para segurar o lápis.

WALDORF
A pedagogia Waldorf foi criada pelo cientista e filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861- 1925) e se baseia na idéia de que a vida humana está dividida em períodos de sete anos. “Os gregos tinham esse olhar sobre o ciclo biográfico, que Steiner resgatou”, explica a professora de classe da Escola Waldorf de São Paulo Ana Maria Pezzuto de Souza, mãe de Júlia. Não alfabetiza a criança até os 7 anos, pois é a fase em que ela precisa dedicar seus esforços ao desenvolvimento das habilidades corporais. É caracterizado pelo acompanhamento individualizado do aluno e pela valorização das atividades manuais.

O foco são as atividades motoras e não se utilizam materiais artificiais. A turma é acompanhada durante vários anos por um mesmo professor, para que ele possa dar atenção individualizada à criança.
Salas de aula: a criança brinca e prepara o corpo para a alfabetização. Professores acompanha os alunos por sete anos.
Atividades: horticultura, música e marcenaria etc., levando em consideração a fase de desenvolvimento da criança. Brincadeiras que imitam a vida adulta, com objetos naturais,como tecidos, pedaços de madeira.
Avaliação: não há reprovação de alunos nem estímulo à competição. O professor registra o desenvolvimento dos alunos, e os pais participam ativamente, com reuniões freqüentes.
Currículo: montado de acordo com a faixa etária do aluno. Os professores (sempre dois) trabalham, individualmente, as dificuldades dos alunos. Arte como forma de expressão e terapia e trabalhos manuais também fazem parte.

** Retirado do Site da Revista Crescer

Ana Paula disse...

Bom, como prometi, hoje resolvi dar meus pitacos. Antes de mais nada, quero deixar bem claro que sou leiga no assunto, apenas li e me informei bastante sobre o assunto quando precisei procurar uma escola para meu pequeno. A primeira escola que ele frequentou se denominava “construtivista/montessoriana”, a segunda era “sócio-construtivista/tradicional”, e a atual não tem rótulos, mas pelo que observo ela também se enquadra na linha construtivista.

Acho que cada linha pedagógica tem seus prós e contras, e o mais importante é encontrar uma escola com valores iguais aos da família, levando-se em conta a personalidade da criança. Cada família tem um sistema de valores diferente, por isso é importante conhecer a fundo a escola, para evitar surpresas desagradáveis. Também acho importante se informar sobre tudo que a escola oferece, conversar com pais de outros alunos, visitar a escola em vários horários diferentes, porque nem sempre o que a escola promete é realmente cumprido. Existem escolas que se rotulam modernas, mas não tem uma proposta coerente com o que é anunciado. O que revela o método de ensino é o dia-a-dia, e não a teoria impressa num plano de ensino, num folheto ou num discurso na reunião de pais. (Isso eu aprendi do jeito difícil...)

Gosto muito do método construtivista porque, ao meu ver, desafia o aluno a dar sempre o melhor de si, além de lidar bastante com o convívio social. Também incentiva o gosto pelas artes, pela ecologia, incentiva a criança a “perceber” o mundo. A linha montessoriana também me agrada por não colocar o professor em primeiro plano, mas ainda não percebi isto na prática em nenhuma escola... O trabalho com as atividades motoras e sensoriais, com trabalhos, jogos e atividades lúdicas, também são aspectos positivos.

Agora, me sinto mais à vontade para falar da escola Waldorf, pois foi a linha pedagógica que mais me agradou, e que, como eu disse, se tornou meu "sonho de consumo".

O primeiro ponto positivo é que ela não alfabetiza antes dos sete anos. Sei que o ensino mudou, e que existe uma pressão enorme para que as crianças saiam do pré já alfabetizadas, mas não concordo, acho desnecessário e, sinceramente, ridículo, esperar isso de crianças tão pequenas. Criança tem que ser criança, tem que brincar, e alfabetização pode esperar. Ao mesmo tempo, a escola que conheci tem uma biblioteca invejável, e os livros estão disponíveis para as crianças durante as aulas e para levar para casa; as professoras contam as histórias, e os pais também são incentivados a lerem para as crianças.

Também gosto da idéia de ter um professor que acompanha a classe durante vários anos, além de um professor a cada ano. Isso dá segurança à criança, e também aos pais, que se sentem mais à vontade com uma pessoa que acompanha seu filho em todas as fases, e está mais preparado para auxiliar a criança em suas dificuldades.

Gosto das atividades "extras", como música, artes, pintura, desenho, culinária... Gosto da ênfase no desenvolvimento motor, gosto do fato de prezarem a simplicidade e não utilizarem materiais "artificiais".

A escola também é mais aberta à participação dos pais (pelo menos aparentemente), com reuniões mensais e avaliações quinzenais das crianças, feitos pelos professorem em conjunto com os pais. Acho que a falta de estímulo a competição é um diferencial positivo, pois a criança é estimulada a fazer o seu melhor, e não, fazer melhor do que os outros. Acredito que isso desenvolva a auto-estima da criança e a prepare para sempre fazer o melhor que pode.

A alimentação também despreza industrializados e dá preferência sempre a produtos orgânicos e uma alimentação saudável e de qualidade. As crianças tem contato diário com a natureza, através do cuidado com as hortas, das brincadeiras no parque, repleto de árvores, a maioria frutíferas, do cuidado com os mascotes (peixes, tartaruga), das brincadeiras ao sol...

Enfim, estou realmente apaixonada por essa escola, e poderia fazer mais mil elogios. Mas acho que o principal é que eu realmente acredito nos valores que a escola pretende passar. Algumas pessoas se surpreendem quando falo sobre isso, porque acham um absurdo não haver apostilas, ou lição de casa, ou estímulo a alfabetização. Já me disseram que vou perder tempo demais deixando meu filho brincar, enquanto as outras crianças estão se preparando para "o mundo lá fora". Mas acredito que a base da formação da criança não pode ser rígida, técnica, deve prezar a formação do indíviduo, e não apenas a aquisição do conhecimento.

Enfim, adoraria mostrar fotos da tal escola, mas como existem pessoas mal-intencionadas na internet, prefiro não fazê-lo.

Ana Cláudia disse...

Que legal, Ana!
Adorei oartigo da Revista Crescer, muito objetivo e claro sem ser chato. Gostei mesmo pois é um excelente caminho para os pais que desejam aprender mais sobre as pedagogias.

Eu não cheguei nem a visitar a Waldorf, mas sei que iria gostar...rs...

Se se sentir à vontade, mande as fotos pro meu e-mail, adoraria ver.
ofuturodopresente@gmail.com