quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

GREEN CARD

Está acontecendo um movimento de retorno de brasileiros em condição ilegal ou irregurlar, nos Estados Unidos. Como o governo americano não aprovou a lei que legalizava estes imigrantes (e de outros países também) esses brasileiros ficaram com medo e decidiram retornar.

Muitos sonhos foram desfeitos e outros finalmente sairam do campo das idéias.

É uma situação meio confusa. Mesmo sendo ilegais estes imigrantes tem direitos. Conseguem comprar imóveis, carros, tem filhos (que recebem a cidadania americana) os colocam em colégios públicos e tem acesso a saúde gratuita, mas nunca se sentem tranquilos pois sabem que a qualquer momento o Serviço de Imigração Americano pode encontrá-los e deportá-los. Eles não tem carteira de motorista, conta em banco, cartao de crédito, cartão fidelidade, não fazem crediário, entre outras coisas.

Também não conseguem voltar ao Brasil, aliás até podem, mas não entrarão de novo nos Estados Unidos, pois possivelmente seus vistos serão cassados.

Na maioria das vezes trabalham muito, para fazer dinheiro e enviar para o Brasil, e mesmo tendo curso superior vem para cá realizar tarefas que no seu país de origem talvez não o fizessem. São faxineiras, babás, pedreiros, pintores, limpadores de jardim, motoristas de caminhão, entregadores de mercadoria, etc. E muitos, mas muitos tem curso superior e até mesmo mestrado. Uma pequena parcela já vem para cá com trabalho garantido, como é o nosso caso, já que a empresa que meu marido trabalha o transferiu para cá.

O motivo de saírem de seu país de origem é sempre o mesmo. No Brasil é alegada a falta de oportunidade financeira e profissional, insegurança, falta de esperança no futuro.

Fico imaginando a cabecinha dos filhos destes brasileiros que vieram muito pequenos para cá ou nasceram aqui e agora tem que voltar.

Assisti alguns programas realizados pela Globo Internacional onde eram entrevistados pessoas que estão nesta situação e fiquei espantada com um brasileirinho de 12 anos que está a sete e disse que está dividido com a volta para o Brasil.

Ele disse estar preocupado com seus estudos e as oportunidades profissionais fora dos Estados Unidos.

Ele só tem 12 anos e já pensa nisso!

É difícil conversar com meus compatriotas que estão nesta situação. Se sentem injustiçados. Eu também entendo, já que eles estão realizando trabalhos que os americanos não querem realizar. E se por alguma obra mágica todos os imigrantes ilegais que estão aqui voltassem para seus países os Estados Unidos parariam. Pois são eles que carregam este país nas costas.

Mas eu também entendo que o país não pode ficar parado vendo entrarem tantas pessoas de forma não legal e exigirem tantos direitos e muitas vezes não tendo obrigações.

É muito complexo. Envolve muitas emoções e frustrações.

Mas vale comentar como as vezes se faz de tudo um pouco para conseguir melhorar nosso futuro. Deixa-se a família, os amigos, a lingua, o clima, os códigos sociais a que se está acostumado... a pátria.

Arruma-se forças não se sabe da onde para buscar este futuro melhor.

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Cristiane A. Fetter

8 comentários:

Nando Damázio disse...

Confesso que tenho uma vontade enoooooorme de conhecer os Esteites, mas jamais deixaria o Brasil para morar em qualquer outro lugar do mundo !!

Ana Cláudia disse...

Cris,

temos uns amigos que são daquela religião Mórmon (acho que é asim que se escreve). E eles foram para os EUA há coisa de 8 anos atrás recebendo suporte da comunidade mórmon que é muito grande aí. Eles se ajudam muito, tanto que os amigos que vão prá lá, vão ilegalmente, com família e filhos e ficam na casa deles até se estabelecerem. Pois bem, este casal foi, com 3 filhos e fizeram de tudo como você falou em termos de trabalho, compraram casa, bens, juntaram dinheiro. E até conseguiram visto de permanência. Contudo, depois do atentado de 11 de setembro, as coisas ficaram difíceis para imigrantes e muitos não conseguiam mais a renovação dos vistos e eram denunciados pelos próprios vizinhos!
Vendo esta situação, eles decidiram vender a casa, colocaram tudo o que puderam dentro de um container (eles simularam o espaço de container dentro da garagem de casa e foram arrumando de forma a ter um aproveitamento total do espaço) e voltaram para o Brasil pois quando a imigração pega, eles perdem tudo e são deportados com a roupa do corpo. Foi quase uma fuga.

Na chegada, compraram um boa casa, montaram com os aparelhos de última geração que trouxeram daí, a mulher dá aulas de inglês em cursos e requisitadíssima por causa da fluência e a vida deles aqui é bem melhor.
Mas para isso, tiveram que passar poucas e boas por aí...porque aí se trabalha muito mas se ganha, aqui não...

Cristiane A. Fetter disse...

Nandinho, nunca diga nunca!
Eu também não tinha a mínima vontade de conhecer os Estados Unidos. Simplesmente não achava graça gastar dinheiro vindo para cá.
A minha vontade era conhecer a Europa, não as capitais, mais o interior, nem morar eu tinha vontade.
Mas a vida deu uma volta e me perguntou seu eu queria vir para cá.
Eu morando no Rio de Janeiro, quase entrando em uma outra multinacional (Nestlè), com um filho pequeno, uma violoência bem alta, e o marido chega e pergunta isso.
Pontos positivos, segurança, conhecer outras culturas, estabilidade por causa da empresa que nos traria para cá, aprender inglês na fonte, o filho conhecendo tudo isso.
Pontos negativos: ficar longe da família, dos maiores amigos, sua cultura e seu clima.
Hoje pensamos muito se vamos voltar um dia para o Brasil.
Depois de viver em um local bem organizado e que quase tudo funciona redondinho, a gente pensa muito.
Agora quem vem para cá 'TENTAR A VIDA' a situação é outra.
Como eu disse no posto, é uma situação complicada.
Beijos

Cristiane A. Fetter disse...

Ana, o que a maioria não sabe é que para cada imigrante ilegal denunciado, a pessoa recebe 500 dólares de recompensa.
Como eu disse, é complicado, da mesma forma que eu acho que os imigrantes tem direitos e DEVERES, e deveriam ter direito ao green card, o país também não pode ser a casa da mãe Joana, ele tem que dificultar.
Este visto de permanência não tem valor legal para algumas coisas, como abrir conta em banco, cartão de crédito, conseguir empréstimo em instituições financeiras americanas.
Existe sim um mercado brasileiro que proporciona tudo isso, mas o ilegal continua com este estatus, e se a polícia pega até por causa de uma simples colisão, ou numa blitz de rotina não tem jeito, é deportado, e sem direito a nada mesmo.
Mas depois os amigos podem enviar tudo o que eles quiserem de volta para o Brasil.
Mas imagine viver com medo o tempo todo.
O que eu acho é que no nosso caso o Brasil teria que ter as oportunidades que existem aqui.
Um exemplo: Uma faxineira trabalha aqui (sem passar, sem cozinhar), só limpando mesmo e consegue comprar casa, carro e sair de férias.
E no Brasil?
Complicado.

Geovana disse...

Bom seria um mundo para todos, sem fronteiras.
As oportunidades aqui não são tão fáceis, mas muitos vão ilegais sonhando com o dinheiro fácil, não conseguem o visto e ficam nesse dilema, sem querer voltar e admitir que deu errado.
Eu ainda acredito que investir no país de origem é muito mais gratificante. Ir ilegal pra outro país é a última alternativa.

Cristiane A. Fetter disse...

Oi Geo, eu também acho que investir no país de origem é o ideal, mas vai dizer isso para ume pessoa que não está conseguindo nada na sua terra, e surge a oportunidade de conseguir mais em outro lugar. Ela pesa os prós e contras e acaba achando que vale mais a pena vir para cá.
Um exemplo, sabe quanto custa 2 horas de trabalho de uma faxineira aqui, uma media de 50 dolares, olha quantas casas ela pode trabalhar.
Quanto custa no Brasil? um dia, e isso se conseguir alguma casa para trabalhar.
Muitos dos brasileiros que estão aqui querem se legalizar, mas o país ainda está discutindo estas leis.
Uma coisa eu te digo, se no Brasil estivesse mais fácil este povo voltaria correndo. Para quê tanta dificuldade se no seu país é bem melhor: o clima, a lingua, a estrutura.
Eles só ficam aqui por quê aí tá difícil.
Beijocas

Anônimo disse...

Cheguei até aqui procurando informações sobre outros países.
Eu não moraria em outro país para trabalhar em sub-emprego. Apesar das cioisas no Brasil serem piores, aqui eu nunca precisei lavar pratos.

Cristiane A. Fetter disse...

Oi Valéria, que bom que você nunca precisou, mas aqui isso não é sub-emprego é uma mão de obra especializada que não existe e que traz muito dinheiro para quem a exerce.
O bom seria se isso acontecesse no Brasil, mas como já comentamos antes a verdade não é bem assim.
E tem outro ponto muito importante, estas pessoas vem, ficam algum tempo e depois voltam para o Brasil onde investem o que ganharam. Isso não é bom?
Oportunidades tem que ser agarradas não importa de onde venham, não é?
Abraços