quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Só Comentando

Estamos vivendo, aqui na cidade onde moro (Paramus, NJ), uma situação ímpar. Não convivemos com pessoas afro-descendentes ou convivemos muito pouco. Isto é inédito para a gente. Eu e meu filho nascemos no Rio de Janeiro, meu marido apesar de ser Gaúcho, foi ainda menino para o Rio, ou seja, sempre convivemos com a negritude em toda sua expressão e abundância, mas aqui isto não acontece.

No começo achei que fosse uma simples coincidência, mas conhecendo melhor os arredores, pude perceber que existem cidades em que a maioria de seus moradores é negra. Também estava achando que isso era só um fator de viver em comunidade, que quem vive aqui entende isso. Como existe um mundo de imigrantes, é normal que eles procurem e vivam assim. Até os brasileiros procuram se agrupar.

Temos uma necessidade de viver perto do que nos é conhecido. Bem, eu estava falando de imigrantes que procuram viver juntos, mas os afro-americanos não estão inclusos nesta categoria, eles são cidadãos americanos, nascidos e criados aqui.

Claro que fui pesquisar o motivo disto e acabei descobrindo que:
O preconceito aqui continua alto, mesmo que velado;
Onde existam moradores negros, os imóveis desvalorizam, os "outros" moradores se mudam destas áreas, estas cidades ficam sem valor;

A maioria dos negros que vejo por aqui são funcionários que exercem funções do baixo escalão (empacotadores de caixas de supermercado na maioria das vezes), ou babás.

Relembrando, que isto é um fato que tenho percebido na cidade onde moro e cidades vizinhas, não posso responder pelo resto do país. Também quero deixar claro que não sou ariana, meu bisavô por parte de pai era negro e também tenho indios na família.

Mas imagine, nós brasileiros que vivemos dentro deste universo, cair num lugar assim, bem...

Mas existe um outro lado que eu poucas vezes ví no Brasil, que é o orgulho de ser negro. Aqui eles usam e abusam da beleza de ébano que possuem. Eu fico maravilhada com o que vejo.

Nas ocasiões em que tive oportunidade de estar ao lado destas belezas americanas, ví que seus cabelos não são alisados (claro que existem as exceções Beyounce, Tyra Banks e até uma funcionária de uma creche, que usa perucas de cabelo liso porque não gosta do seu próprio), as cores das roupas de seus ancestrais são mantidas, seu jeito especial de falar, o orgulho de sua pele.

Beleza pura, raça pura, orgulho puro.

Pode ser que isto até aconteça devido ao separativismo que ocorre aqui, mas é lindo de ver. É até interessante lembrar que a novela das oito (que passa as nove) da globo, Duas Caras, está mostrando um caso de que uma negra não admite que o é, esta personagem é a Solange (filha do Juvenal que sempre diz que é "clarinha"), tabém conheci uma negra que sempre apanhava do marido. Quando perguntei a ela porque deixava isso acontecer, ela simplesmente me respondeu: eu prefiro apanhar de marido branco do que viver feliz ao lado de um marido negro! ????????????????????????????????

Não quero polemizar aqui o racismo, só salientar a beleza de ver o orgulho de pertencer a uma raça, e não ter vergonha de mostra isso.

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Cristiane A. Fetter

15 comentários:

Anônimo disse...

Acho que também pode variar de cidae para cidade. Em Houston, eu vi muitos negros nas ruas, como no Brasil.

Anônimo disse...

Sinceramente, nao entendo como uma pessoa pode achar um cabelo duro bonito. É impossível!

Anônimo disse...

Certamente o cabelo do "anônimo" não é duro. E certamente também ele (ou ela) que BELEZA é um conceito SUBJETIVO e VARIÁVEL.
Agora, Cristiane, a sociedade norte americana não é somente "preconceituosa". Isso toda sociedade humana é, e não é necessariamente uma coisa ruim (aguarde a publicação de um post meu sobre o assunto).
Eles são é RACISTAS. Tanto brancos (por preconceito) quanto negros (por auto-defesa e vingança).

Anônimo disse...

Desculpem, faltou um "não sabe" no texto acima:
"...também não sabe que BELEZA..."

Cristiane A. Fetter disse...

Prezado anônimo, como disse meu colega Ivo, beleza é um conceito subjetivo e variável.
Ivo concordo com você, eles são racistas, mas que o povo negro daqui se orgulha disso, ah se orgulha.
Abraços

Ana Cláudia disse...

Eu também já estive em Houston e também tenho essa lembrança de ter visto muitos negros na cidade. Cada negão grande, bonito...

Mas acho que no EUA deve haver bastante segregação porque não é lá que nasceram os GUETOS?

Agora também tenho a impressão de que negro americano é aquele que peita...não se curva, não.

Quanto a achar cabelo duro bonito, fala sério!
Eu acho lindo, se meu cabelo fosse afro-descedente eu ia ter cabelão, estilo Toni Tornado...ahahaha
Acho lindo a Luciana Melo(http://www2.uol.com.br/lucianamello/#), filha do Jair Rodrigues que usa aquele penteado com a faixa na frente...
Ah...e já fiz até permanente da juventude...adorava ter o cabelo todo enroladinho...só voltei porque a química de manter o cabelo assim, acabou com ele, tive que voltar ao meu cabelo normal.

Beleza, cada um tem a sua!
E força na peruca!hehehe

Cristiane A. Fetter disse...

É isso mesmo Ana, ele peita.
Não estou aqui para discutir as bases racistas americanas, mas só para salientar (defensivamente ou não) que eles sentem um orgulho danado de serem negros.
Eu admiro isso.
Foça na peruca mesmo.

Renata disse...

Gente, rascismo existe no tanto no Brasil quato nos Estados Unidos, só que lá o excesso de atitude dos negros tem, na minha visão, dois efeitos: um muito bom - basta ver que a situação e a auto-estima do negro americano é bem melhor que no Brasil. O ruim é o fato de que acaba gerando um rascismo às avessas e alimenta o ódio de ambas as partes.
Aqui no Brasil, por outro lado temos um problema social que é maior que o rascismo, na minha opinião. O maior preconceito aqui é contra o pobre, e grande parte dos pobres é negra. Notem que não estou negando o rascismo no Brasil! Acho até que já escrevi sobre isso lá no blog, e lá no Sindrome de Estocolmo já rolaram umas discussões bem legais sobre o tema, a Denise tem uma posição um pouco diferente da minha, embora sejamos as duas absolutamente contra qualquer tipo de discriminação!.
Eita, esse assunto dá pano pra manga...o que importa é falar, agir, gritar contra qualquer tipo de rascismo ou discriminação. Por um mundo mais tolerante e pacifica para nossos pequenos!
Parabens, Cris, por abordar um tema tão importante!
beijos
Renata

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ana Cláudia disse...

Amigos, deletei o comentário irônico e debochado porque aqui a gente gosta de conversa séria, bem humorada e saudável.
O espaço é democrático, até por isso permitimos os comentários anônimos, mas não vamos deixar que se falte com o respeito e a educação.

Cristiane A. Fetter disse...

Obrigada Renata, temos que comentar o que vemos né?
Beijos

Cristiane A. Fetter disse...

É assim mesmo Ana.
beijos

Renata disse...

Meninas, sempre tem por aí gente que não tem o que fazer e fica espalhando asneiras nos sites alheios...só consigo sentir pena dessa galera, tentar avacalhar um espaço tão legal como esse com comentários racistas é uma atitude lamentável. Quanto ao raScismo, foi legal o alerta, eu realmente não tinha notado que estava escrevendo errado! rs
Beijos!
Renata

Lívia disse...

Entendo bem o que foi dito. Moro em Buenos Aires e aqui também quase não vemos negros, os poucos que vemos são em sua maioria turistas. Aqui eles também são vistos como lindos, sexy, essa idéia do diferente exótico.

Por outro lado, nada pior que ser indígena em um país latinoamericano com passado de dominação espanhola... com poucas exceções, como Cuba, no mundo hispanoamericano o preconceito existe em relação ao indígena, com leis de inclusão, tentativas de resgate e valorização da cultura etc.

E eu todos os dias me olho no espelho e me acho muito, muito sem graça com essa minha falta de cor, essa palidez que tenho até no nome...

Cristiane A. Fetter disse...

Oi Lívia, adorei sua visita viu? E não fale isso do seu nome.
A segregação aqui é muito grande. E não tem jeito, quando uma família negra resolve morar entre as familias "brancas" tem que peitar a situação.
Tem que ter várias mercedes do ano na garagem, de uma casa de pelo menos 5 quartos, os filhos estudarem em escola particular, etc.
É uma pena, porque eles se fazem tão bonitos, tão orgulhosos de serem o que são.
Aqui acham que eu sou ou do oriente médio, ou russa, é muito engraçado.
Como seu muito alta eles não me encaixam na categoria de latinos.
Bom encontrar alguém que entende o que estou falando.
Volte sempre.
Abraços