segunda-feira, 14 de julho de 2008

Consciência Individual

Estava assistindo ao RJ tv aqui nos Estados Unidos, e eles estavam falando sobre reciclagem, como esta atividade cria empregos no Rio de Janeiro. Este é um assunto bem interessante de se comentar aqui aonde moro, pois é um assunto que é abordado nas escolas, em casa, nas ruas ou seja é de pequeno que se ensina a consciência de se fazer a reciclagem.

Percebi também como é importante o trabalho das prefeituras em suas cidades no sentido de estar sempre treinando seus moradores a realizarem este trabalho em casa e realizar direito. Em minha cidade temos acesso no site dela todo um esquema de como é a reciclagem, quem faz, o que deve e como deve ser separado, e uma das explicações é sobre este tipo de embalagem. Como todo cidadão, existe a obrigação, mas também o direito.

Aqui temos a obrigação de separar as pilhas e baterias usadas, botijões de gás (aqui se usa muito os de tamanho pequeno nas churrasqueiras), metais, pneus, latas de óleo (óleo de automóvel) e roupas, e levá-las para a central de reciclagem da cidade. Não adianta reclamar, o serviço de recolhimento de lixo não pega. O mais interessante é que ninguém tenta colocar isto no lixo comum, pois foram educados para isto, a consciência pesa, então todos levam até lá. Claro que sempre existe o percentual de que não obedece, mas é pequeno.

Temos a obrigação de separar:
-lixo comum que inclui o de cozinha e banheiro que são biodegradáveis (acondicionado em um container especial);
-latas de alumínio, vidro, plástico (que é acondicionado em um container especial de cor verde),
papel, jornal e papelão (que deve ser acondicionado em bolsas de papel ou amarrados),
folhas, grama e plantas (acondicionados em bolsa de papel ou em um container especial),
galhos e arbustos (amarrados eu em bolsas de papel);
-Isopor, mobilia de madeira, sofás,
-Eletrodomésticos desmontados (por exemplo uma geladeira com as prateleiras e porta desmontadas do corpo);
E temos o serviço de recolhimento deste material todo, ser recolhido em dias específicos e com horário específico. Caso você coloque o item no container errado, ou o container errado no dia errado eles não serão recolhidos. Os funcionários da "Comlurb" daqui são treinados a reconhecer os materiais e obedecer a estas regras sem nunca abrir excessões.

O mais interessante disto tudo é que não é difícil se habituar a esta rotina, aliás você acaba até ficando bem chato com isto, pois se sente responsável por estar ajudando de alguma forma o planeta. É muito engraçado o que acontece comigo, várias vezes quando estou colocando o lixo nos containers fico pensando assim: "o meu lixo está indo da forma correta para o lugar certo, o meu lixo vai ser reaproveitado e em algum lúgar uma árvore, um rio, uma caverna, uma parte de alguma floresta, um animal, ou a camada de ozônio do planeta está recebendo minha ajuda". E isto te dá mais força para continuar com este trabalho de formiguinha. Várias vezes quando estou realizando este trabalho e abro por exemplo o container do lixo reciclável e encontro algo errado (o marido colocou a embalagem do café que é de papel) eu tiro e levo para o lugar certo.

Isto me lembra um comercial que ví no Brasil a muito tempo atrás (não me lembro se Gilberto Gil ou Caetrano Veloso), que falava sobre um incêndio em uma floresta e quase todos os animais estavam fugindo até que o leão viu o beija-flor indo até o rio e buscando água para jogar no fogo. Ele disse ao beija-flor que o trabalho que ele estava tendo não iria adiantar nada, então o pássaro respondeu: eu estou fazendo a minha parte. Claro que quem me conhece sabe que eu não tenho tamanho de passarinho, mas penso como ele. O planeta me deu muita coisa é minha obrigação fazer a meu dever de casa.

Não quero dizer que aonde moro é o Paraíso, longe disto, mas está em um caminho certo para o respeito à ordem e aos direitos dos outros, e suas obrigações também. Como aqui ninguém leva nada para o pessoal (um dos motivos pelo qual são considerados frios), todo mundo sabe reclamar e exigir qualquer coisa a que tem direito.

É muito importante cobrarmos das autoridades esta participação junto as comunidades, mas é cobrar mesmo. Estou dando o exemplo da cidade onde moro e claro devemos resguardar as proporções, pois não é possível comparar minha cidade, que hoje tem 26 mil habitantes com o Rio de Janeiro, mas lá existem as sub-prefeituras que também tem a obrigação de serem atuantes.

Aqui o site da prefeitura disponibiliza a agenda do prefeito, quando ele atende, o que ele faz e quando você pode falar com ele, aonde reclamar, é bem interativo. Infelizmente conheço bem o site da prefeitura do Rio que nem sempre consegue atender as nossas necessidades, mas aí vai uma dica: usar o canal da ouvidoria, eles sempre te respondem mesmo que seja para dizer que não podem fazer nada, mas pelo menos você tem informações para dar o próximo passo.
E este é nunca deixar de denunciar, reclamar e exigir.

Link da prefeitura de Paramus em New Jersey-USA
http://www.paramusborough.org/
Na foto que coloquei estão dois tipos de container que falei: são residênciais e de propriedade dos moradores (que são obrigados a comprá-los), os beges são de lixo biodegradável e o verde é de material reciclável (vidro, plástico, alumínio) .

__________________________________________________________________________________ Cristiane A. Fetter

3 comentários:

Ana Cláudia disse...

Cris,

Eu também me sinto como vc. Ainda não faço tudo o que gostaria, mas tudo o que faço me dá essa sensação de estar começando fazendo a minha parte para preservar o meio ambiente. É uma pena que nossa sociedade ainda não tenha esses valores. A educação é muito precária. Ainda temos muito o que avançar, principalmente nos serviços públicos que são de péssima qualidade, salvo rarísssimas excessões.

Anônimo disse...

EDUCAÇÃO. Você tocou no ponto chave, minha cara Cláudia!
Sem isso não há consciência preservacionista. Nossa sociedade (brasileira) hoje é PREDATÓRIA, com raríssimas ilhotas de exceção.
Nós regredimos em muitos aspectos da questão educacional, em relação ao passado mais ou menos recente (vinte, trinta, quarenta anos...)
Hoje temos números (indicadores) teoricamente mais favoráveis (maior percentual de alunos matriculados nas primeiras séries, por exemplo), mas estes números são armadilhas, pois não aferem a qualidade do ensino ministrado.
Por isso, por mais paradoxal que pareça, antes de AVANÇARMOS precisamos REGREDIR, ao ponto em que "nos perdemos" para daí retomarmos o caminho (o certo!)
Só que com a qualidade dos políticos e homens públicos que temos... sei não, fica difícil!

Anônimo disse...

Cris,
Muito interessante como o progresso funciona. Infelizmente ele é lento aqui no Brasil. Mas, como o beija-flor mencionado eu devo fazer a minha parte e cobrar. Acredito que não estamos cobrando o suficiente nem ao menos fazendo a nossa parte como deveríamos. Com certeza falta educação. Mas ela também começa de casa e de pequeno, e o exemplo que a minha filha pode dá faz a diferença.
Beijos