quinta-feira, 10 de julho de 2008

Desabafo

Tenho estado cansada de ver jornais, seja na internet, na TV ou impresso e dar de cara com tanta violência, coisa de gente velha sensível dizem uns, mas, não sei bem se é isso.Tem gente que me chama de "desocupada" por estar preocupando com fatos ocorridos tão longe de mim afinal, estou numa cidadezinha no interior de Minas mas, sinceramente, acho que a distância é meramente geográfica.


A verdade é que doeu bem fundo essa do garotinho João Roberto como também doeu a da Isabela Nardoni, o do João Hélio e da bebezinha jogada pela mãe do 6º andar mas, acho que esta me pegou numa fase em que estou, digamos, reflexiva e filosófica (deve ser a Pedagogia).

Ao colocar meus filhotes hoje no carro, para vir trabalhar, imaginei que poderia ser os meus filhos, poderia ser o Guelzinho (ele tem 3 aninhos) e imaginei o desespero daquela mãe, meu Deus, quanta dor... E lembrei do desabafo do pai dele: Que polícia é essa e vou mais longe:

QUE POLÍCIA É ESSA, QUE ESTADO É ESSE E QUE PAÍS É ESSE!!

Analisando os "culpados, primeiramente a Polícia: por menos preparados que os soldados estivessem, prudência não é coisa que se aprende em qualquer escola, mesmo que fosse o carro dos bandidos, eles nunca poderiam ter agido de tal forma, primeiro porque a lei está aí para dar a condenação a quem infringi-la, através do Judiciário, segundo porque não se metralha um carro em uma via pública, as balar podem atingir muito mais do que os bandidos, e os cidadãos que poderiam passar no exato momento do tiroteio??

Culpado n.º 2: o Estado, uai, mas porque o Estado? O Estado é tão culpado quanto os policiais que atiraram, a partir do momento que preparam tão mal, pagam tão mal pessoas que têm profissões tão, digamos, complicada como o dos policiais, ainda mais no Rio, que está bem longe de ser uma cidade maravilhosa, os cariocas que me desculpem mas, aquilo é uma Guerra Civil constante!! E o Estado também é culpado porque recebe em seu corpo policial pessoas tão despreparadas psicológica e emocionalmente, a triagem deveria ser muito criteriosa e estes policiais deveriam ter acompanhamento psicológico constante, sendo afastado das ruas ao menor problema verificado, o que tem de gente doida, desequilibrada com arma na mão e com farda é brincadeira!
Culpado n.º 3: Nosso País, o Governo Federal que tem leis que acobertam o Estado (apesar que dei nota 10 para a Lei Seca, faltam só alguns milhares de bafômetros, Lula, não pise na bola agora) e é tão negligente quanto e tem um exército enorme paradinho nos quartéis que poderiam dar uma força (desde que tivessem acompanhamento - o mesmo que deveria ser feito com os policiais) afinal, o caso dos três garotos entreguem para serem assassinados está bem recente na memória de qualquer um...

Culpado n.º 4: Nós... Nós? Sim, pela nossa negligência com o nosso país, com o outro, com o voto... Eu, particularmente, sinto que preciso fazer algo, antes que tudo piore de vez, é um verdadeiro absurdo sermos vítimas da violência: bandidos soltos nas ruas, violência em todo lugar e enquanto isso, os cidadãos de bem fazem verdadeiras muralhas em casa, com alarmes, cercas e com toda a parafernalha tecnológica para ficar cada fez mais preso em casa...E, fico pensando, o que eu, mãe de três filhos, trabalhando fora por pura necessidade (afinal meu marido sozinho não ganha para manter o que achamos como um padrão aceitável), fazendo faculdade e sem tempo nem para cuidar de mim mesma poderia fazer?

Acho que pelo menos:

- criar vergonha na cara, transferir o meu título para minha cidade e começar a votar certo (apesar que, cá entre nós, como profissional na área de informática e tendo em vista tanta corrupção no nosso país, tenho uma ligeira desconfiança sobre a urna eletrônica, será que é computado corretamente? Será que não tem nenhuma expressão: se votar em X, compute em Y? Por que grandes potências não aderiram ainda à Urna Eletrônica? Será que isso é realmente motivo de orgulho para o nosso país?) Teorias de conspiração à parte, um bom governante é garantia, no mínimo de um Estado mais organizado);

- sei que com o meu parco salário, não tenho como extinguir a fome no meu município, o que dirá no meu país mas, será que não poderia ajudar uma família, vou começar a pensar nisso, muitas vezes, um pacote de arroz, feijão, óleo, macarrão faz a diferença pra muita gente, não posso esquecer: eu posso ser o milagre, eu posso fazer algo, você já pensou nisso??

- e as crianças desse país, abandonadas, prostituídas, usando drogas, este é o nosso futuro... nossa, o que eu poderia fazer, tenho vontade de adotar duas crianças mas, não agora, não adianta melhorar uma coisa e piorar outra, tem os meninos, tenho que começar a dar uma base boa, para serem pessoas de bem, de caráter, com uma boa educação, esse é um projeto para daqui uns 5-10 anos, pelo menos, a Dani está encaminhada, está no CEFET e, se Deus quiser, tem um bom futuro mas, não posso negligenciar os filhos que botei no mundo para ajudar outros, "desvestir um santo pra vestir outro"... acima de tudo a minha primeira missão é ser mãe.. ouvi falar que tem orfanatos aqui com projetos de pais de fim de semana, pode ser uma boa, vou investir nisso e poderia também ajudar a uma família, não é muito, mas, é melhor que nada, na sua cidade tem algo a ser feito??

- poderia também ajudar alguma escola pública em algum projeto tipo "Amigos da Escola": A Educação é base de tudo; ou, poderia ajudar algum Hospital visitando enfermos, por exemplo, muitas vezes as pessoas esperam da gente um simples gesto de carinho... é uma idéia boa, o que acham??

- Fora a utilização de pequenas outras coisas tais como: Gentileza, Paciência, Tolerância, Solidariedade, Boa Vontade, Disponibilidade...no dia a dia, sempre... Acho que pode ser um pequeno passo dado por uma pequena pessoa mas, é um passo!

Melhor que inércia... Do que ficar sentada na minha cadeira reclamando mas sem fazer nada... Acho que é fundamental todos começarem a fazer pequenos milagres, e você:

o que sente?

O que faria?

O que vocês acham de repassar este post e fazer uma discussão do assunto?

Uma corrente do bem?

Espero resposta.

________________________________________________________________________________ Jaqueline A. Silva


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7 comentários:

Lys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lys disse...

Oi querida!
Acabei de conhecer seu blog, concordo com vc realmente tds estamos cansados de tanta violência e covardia, aos que nos julga de desocupados pobres de espirito são e a distância não importa, também estou distante do acontecido e nem por isso menos inconformada.
Também farei um post sobre o assunto, estou tão chocada...vi e revi o depoimentos dos pais dessa criança, confesso que me causou desespero.
Concordo em repassar o post, colocarei em meu blog com sua autorização é claro! Bjs, fique bem!
colocarei seu link no blog, para não te perder de vista, rsrsrs.

Ana Cláudia disse...

Jaqueline,

seu texto é como me sinto.
Mais um João e nada mudou.

Quantas crianças precisam morrer? Quantas famílias serão dilaceradas?

Gostei muito do seu texto porque ele não só reclama como propõe soluções que podemos adotar.

Vamos pensar em alguma coisa para propor aqui no blog?

A "Corrente do Bem" é algo que já me ocorreu. Vamos pensar numa atitude que pudesse ser disseminada como uma corrente. Algo que pudéssemos fazer individualmente mas que só tivesse sentido quando passamos adiante. Ou seja, um individual coletivo.

Vamos pensar.

Obrigada Jaqueline!

Jacque disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jacque disse...

Gente,

De nada, que isso!
Isso são só as minhas idéias que estavam guardadas há tempo, desde o João Hélio mas, que resolvi colocar para fora agora, quem quiser postar, fique à vontade, quero mesmo é que passe pra frente... E quero idéidas, sugestões, tudo para podermos articular um movimento legal.

Bjos e obrigada!
Jack

Anônimo disse...

Me vejo dividido, mas no geral o lado que ganha é que de nada adianta qualquer indivíduo querer melhorar "o mundo". Não acredito no voto como instrumento de mudança e vejo que eu ser a mudança que eu quero ver no mundo também não é eficaz...
Também não sei o que fazer, porque parece que a opção se resume em usar todos os recursos financeiros e de tempo livre para no final não ver nada acontecer.

Jacque disse...

Oi FLávio, tudo em Paz??

Eu também tenho a mesma opinião que você, não adianta um indivíduo querer mudar o mundo, as forças contrárias são muitas e são poderosas (políticos, empresários e etc...) mas sou a favor de fazermos na nossa "jurisdição", ou seja, no nosso ambiente: pequenos gestos, pequenas ações, pequenos milagres, tais como: uma adoção, uma doação para uma família (seja de dinheiro, de alimento, de tempo, de carinho), uma visita aos idosos largados, sentindo o gosto amargo da solidão nos asilos; uma visita nos orfanatos para acalantar crianças que não vislumbram um futuro digno em um lar, pequenas coisas...
Lembre-se sempre você pode não ser o milagre que vai salvar o mundo mas, pode ser o milagre na vida de alguém... se cada um fizesse assim, as coisas mudariam consequentemente...
Pense nisso!
Jack