quinta-feira, 6 de março de 2008

O Poder do Perdão

Se você for paciente em um momento de raiva,
irá escapar de cem anos de arrependimento.
PROVÉRBIO CHINÊS

Em 1974, voltando da escola para casa no último dia antes das férias de Natal, eu pensava animadamente sobre o feriado vindouro, como só os meninos de 10 anos conseguem sonhar. A algumas portas de distância de minha casa em Coral Gables, Flórida, um homem se aproximou de mim e perguntou se eu poderia ajudá-lo com a decoração de uma festa que ele estava dando para meu pai. Achando que era amigo de meu pai, concordei em ir com ele.

O que não sabia era que esse homem tinha ressentimentos contra a minha família. Trabalhara como enfermeiro para um parente idoso, mas fora despedido por causa da bebida.

Após eu ter concordado em acompanhá-lo, ele dirigiu seu trailer até uma área isolada ao norte de Miami, onde parou no acostamento da estrada e me golpeou várias vezes no peito com um furador de gelo. Então dirigiu para oeste até Flórida Evergables, levou-me até o meio dos arbustos, deu um tiro em minha cabeça e me deixou lá para morrer.

Felizmente, a bala havia passado por trás de meus olhos e saído pela minha têmpora esquerda, sem causar nenhum dano cerebral. Quando recobrei a consciência, 6 dias depois, não tinha noção de que havia sido atingido por um tiro. Fiquei sentado no acostamento e fui encontrado por um homem que parou para me ajudar.

Duas semanas depois, descrevi a pessoa que me atacara para o desenhista da polícia e meu tio reconheceu o retrato resultante como o homem que me atacara. Meu agressor foi preso junto com outros suspeitos. Entretanto, o trauma e o estresse haviam cobrado seu preço e não pude identificá-lo. Infelizmente, a polícia não conseguiu recolher nenhuma prova física que o ligasse ao crime. Portanto, ele nunca foi acusado.

O ataque me deixou cego do olho esquerdo, mas não causou nenhum outro dano e com o amor e o apoio de minha família e amigos, voltei para a escola e dei continuidade à minha vida.

Durante os três anos seguintes, vivi com uma extrema ansiedade. A maioria das noites eu acordava assustado, imaginando que havia escutado alguém entrando pela porta dos fundos e acabava dormindo no pé da cama de meus pais.

Então, quando eu estava com 13 anos, tudo isso mudou. Uma noite, durante um estudo da bíblia com o grupo jovem da igreja, percebi que a providência e o amor de Deus, tendo miraculosamente me mantido vivo, eram a base para a segurança de minha vida. Em Suas Mãos eu podia viver sem medo ou rancor. E então , eu o fiz. Terminei os estudos, Recebendo o diploma de mestrado em Divindade. Casei-me com Leslie, temos duas filhas maravilhosas, Amanda e Melodie.

Em Setembro de 1996, o major Charles Scherer, do departamento de Polícia de Coral Gables, que trabalhara na investigação original de meu caso, telefonou-me para me contar que o agressor, hoje com 77 anos de idade, finalmente confessara. Cego por causa do glaucoma, com a saúde abalada, sem família ou amigos, ele estava em um asilo no norte de Miami Beach. Fui visitá-lo.

A primeira vez que fui visitá-lo, ele se desculpou pelo que havia feito a mim e eu lhe disse que o havia perdoado. Visitei-o muitas vezes depois disso, apresentando-o à minha esposa e filhas, oferecendo-lhe esperança e uma certa sensação de família nos dias anteriores à sua morte. Ele sempre ficava feliz quando eu aparecia. Acredito que nossa amizade tenha diminuído sua solidão e era um grande alívio para ele, após 22 anos de arrependimento.

Sei que o mundo pode me ver como a vítima de uma horrível tragédia, mas eu me considero a "vítima" de muitos milagres. O fato de eu estar vivo e não ter nenhuma deficiência mental, desafia as probabilidades. Tenha uma esposa amorosa e uma família linda. Recebi tantas dádivas quanto qualquer outra pessoa - e amplas oportunidades. Fui abençoado de várias maneiras.

E enquanto muitas pessoas não conseguem entender como pude perdoá-lo, do meu ponto de vista eu não poderia deixar de fazê-lo. Se eu tivesse escolhido odiá-lo todos esses anos, ou passar a vida procurando vingança, então, eu não seria o homem que sou hoje - o homem que minha família ama.


Chris Carrier - do livro "Histórias para Aquecer o Coração" - Editora Sextante.

(Espero que não briguem com a gente por reproduzir essa história aqui mas não podíamos deixar de postar uma história tão incrível , neste dia, para nós que estamos dispostos a começar a mudar o mundo por nós mesmos!)

3 comentários:

Geovana disse...

É até difícil de acreditar na veracidade dessa história, mas está em um blog confiável e com indicação de fonte. Só milagre mesmo para sobreviver a bala e facas por 06 dias e só o amor Divino para dar o perdão a quem o fez sofrer. Bonito texto e bem escolhido para esta data especial.
Geovana(http://www.meninorude.blogspot.com)

Rita de Cassia disse...

Tem uma passagem linda na Bíblia que fala sobre o perdão aos "inimigos" no Evangelho de Mateus que inclusive já foi debatido no Centro que frequento:
43 Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.
É mesmo lindo não é?!!!! E difícil! Mas temos todos que exercitar o perdão. Exercitando ele se tornará um hábito.
Beijos

Ana Cláudia disse...

Nossa, que lindo o que você nos mandou.
Acho que o exercício do perdão é um dos mais difíceis. E segundo Deepak Chopra (um médico indiano), o perdão é uma das sete leis espirituais do sucesso.
E essa história é realmente incrível.
Não sei se é verdade, mas no livro conta como sendo. Pensar que ele teve o peito golpeado várias vezes por um furador de gelo e depois levou um tiro na cabeça, é realmente impressionante.

Eu ia lendo o texto sem acreditar.
Só estranho que ele não comente nada sobre os golpes que levou no peito.

Mas o perdão e a generosidade que ele manifestou, é algo que vai de endontro a tudo o que ele viveu.
Por muito menos nós não somos capazes de perdoar!

Que isso nos sirva de lição e incentivo!