Outro dia numa conversa animada aqui em casa sobre homens cafajestes, me lembrei de um episódio marcante na minha vida.
Eu tinha meus 15 anos e todo sábado íamos em grupo a uma danceteria (na minha época era assim que chamava, hoje nem sei mais). Lá eu encontrava e “ficava” sempre com o mesmo rapaz: Félix.
Félix era o gato. Moreno, alto, olhos verdes. Cobiçadíssimo.
Um dia, cheguei à danceteria e ele estava beijando uma menina. Não tive nem tempo de ficar triste porque assim que ele me viu, deixou a garota de lado e , como todo sábado, ficamos juntos.
Me achei!
Vários sábados depois, nós já curtíamos nossa danceteria juntos, como todo sábado, e eu fui ao banheiro. Na volta, o pego aos beijos com uma garota. Fiquei ali, parada, olhando pensando no que eu ia fazer, lembrando de como a outra garota deve ter se sentido quando ele a deixou e ficou comigo. A única coisa que consegui pensar foi em esperar o beijo acabar para que ele me visse e foi o que fiz.
Ele ainda tentou se explicar mas como eu ainda tinha idade de voltar para casa com o pai da amiga, só falei para ele que nunca mais a gente ia ficar junto e fui embora.
E nunca mais ficamos mesmo , nem lembro das vezes que o encontrei. Apaguei completamente da minha memória.
Naquele dia eu aprendi que nós mulheres temos que nos dar valor. Que homem que é cafajeste com outra, cedo ou tarde, será com você. Que nunca devemos incentivar este tipo de comportamento ou valorizar o homem safado.
O problema é que muitas, mas muitas mulheres mesmo, gostam daquele cara cafajeste, daquele desejado por todas e direito de poucas. E muitos até são direito de todas, afinal ela sai pegando.
Somos nós que criamos nossos filhos e dizemos com alegria (e até orgulho) que ele vai ter um monte de namoradas.
Mas peraí!
E nossas filhas, terão um monte de namorados?
Mas peraí!
E nossas filhas vão namorar o filho da vizinha que ela criou dizendo que era bonito ele ter um monte de namoradas?
Somos nós que não só damos asas ao cafajestes quando escolhemos ele para ser nosso parceiro, como quando o criamos dizemos aos nossos filhos que eles podem ter um monte de namoradas.
E penso que nós mulheres, somos sim, muito responsáveis pela criação dos homens que aí estão e que aí estarão.
Eu não gosto de homem cafajeste, mulherengo.
E essas mães que me desculpem, mas acho o fim este tipo de estímulo e pretendo criar meus dois meninos para serem caras bacanas, que respeitem as mulheres e que até tenham um monte de namoradas, mas uma de cada vez.
E eu falo isso sempre que ouço algo a respeito.
_________________________________________________________________________________ Ana Cláudia Bessa
10 comentários:
Ana Cláudia,
Muito pertinentes tuas colocações. Quando meu filho nasceu, eu dizia: "Ele já nasceu com vantagens, só pelo fato de ser homem."
Eu prometi a mim mesma que faria de meu filho um homem sensível aos sentimentos das mulheres. Nada de ser mulherengo ou cafajeste. Ele já tem o péssimo exemplo do pai e eu não quero isso para ele.
A primeira coisa que quero ensinar a ele é o respeito pelos sentimentos dos outros e, principalmente, o respeito às mulheres. Ele tem a irmãzinha para aprender a amar e respeitar e aprender que mulher não é capacho ou escrava.
Eu procuro sempre criá-los com igualdade, sem distinção de sexo nas tarefas.
Tomara que eu seja bem sucedida na criação de meu filho. :-)
Eu também espero conseguir ser bem sucedida, Carla.
Às vezes é tão complicado. Penso que antigamente era mais fácil criar uma pessoa.
Eu sempre falei isso, se um dia tivesse um filho homem eu iria ensiná-lo a principalmente respeitar o sentimento dos outros, seus direitos e também seus deveres.
Que o sentimento não é brincadeira e que da mesma forma que a gente magoa os outros nós também podemos ser magoados e isso em qualquer relação, seja de amor de amizade ou familiar.
Vamos ver como vai ser.
Tão bom ler isso, Ana! Me dá esperança...
É mesmo ensinando (principalmente pelo exemplo) aos nossos filhos (tanto os meninos quanto as meninas) o respeito e outras virtudes, que por sinal andam em falta atualmente, além da valorização da mulher e do espírito de igualdade, é que teremos um futuro melhor!
Beijos
Renata
Amigas, o mundo não está perdido não.
Ultimamente tenho ficado muito feliz com as campanhas publicitárias de cunho social que tenho visto na TV. A última é uma mulher separada falando que tem um casal de filhos e que já fez o papel de mãe e pai muitas vezes. E que ela ensina os mesmos conceitos para os dois porque responsabilidade é coisa pros dois, camisinha é coisa pros dois e assim vai...
Adorei!
Ai, Ana...
Quer dizer que ocê também já passou por isso, é?
Eu já fui tão "maltratada" pelos homens....
Ih, menina... já passei por tudo: larguei e fui largada, traí uma vez e fui traída mais de uma vez...risos...
Troquei e fui trocada, desprezei e fui desprezada...
Mas não acho que isso seja maltrato...é a vida...
prá mim, faz parte.
Como disse Confúcio: Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.
Somos lavradores de nós mesmos....
Sinto muito ter que lhe dizer isso, mas se você não criar seu filho para ser extremamente forte, autoconfiante e perspicaz ele vai sofrer muito.
A mulherada, em sua esmagadora maioria, prefere os pegadores fodões.
Por isso que nós, os "bonzinhos", devemos cultivar a força, buscar a satisfação em si mesmo e ter olhos para a verdade, pra não sofrer e fazer papel de otário(como eu já fiz no passado).
Não adianta só criar pra ser correto, tem que criar pra ser resistente ás rejeições e instruí-lo quanto às taticas de conquista.
O problema é que essa sociedade brasileira retardada trata as mulheres como santas, não se pode criticar o comportamento degenerado feminino, apontar os defeitos etc., daí, muitos homens quebram a cara e não sabem o porquê.
Anônimo,
eu concordo com o que você fala mas acredito também que ele deve ter a chance de descobrir seu próprio caminho. Meu papel é ensiná-lo os valores em que acredito. Não sou uma mulher que gosta de homens pegadores, nunca gostei. Meu marido não é pegador, nunca foi. Pelo contrário, meu marido é daqueles boa-gente que todo mundo gosta, tranquilão. Se já namorei pegadores, já. E foram relacionamentos que perduraram enquanto eu acreditei que valia à pena. Não que eu tenha determinado nada, porque não sou arrogante a esse ponto, mas acho que cada um de nós tem o dever de se dar ao respeito. Então, acredito que o maior valor que ensinarei a eles é o amor p´roprio, a auto-estima e o respeito pelo sentimento das parceiras que eles escolherem. O resto, é com eles.
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