quinta-feira, 10 de abril de 2008

Com lenço e com documento

Estamos quase no fim do processo de imigração para os Estados Unidos. Isso quer dizer que já passamos por várias fases para que o Governo Americano nos aceitasse como imigrantes. Não é difícil desde que voce tenha como comprovar porque deve ser aceito. No nosso caso uma empresa americana está contratando meu marido. Na verdade ela pertence ao mesmo brasileiro que é dono da empresa que ele trabalhava aí, mas aqui as leis são diferentes e ele não foi transferido e sim contratado por ela.

Estamos a dois anos nesses trâmites. Mas demora tanto? Não, desde que você cumpra todas as exigências do setor de imigração. No nosso caso estávamos com o advogado errado (era um senhor, muito senhor) que havia dado entrada em um visto que não existe. Toimmmmmm!

Deixando esses erros e confusões para lá, faltam poucas coisas. Já temos nossa autorização para trabalhar aqui, o que nos deixa em situação legal. Já fizemos todos os exames necessários e na última semana (11/03) fomos dar entrada no nosso Social Security, que é o CPF daqui. Ninguém pode fazer isso por nós. Então partimos, eu e meu marido, com todos os documentos necessários para um dos escritórios que emitem esse documento no Estado em que moramos, o mais próximo da nossa casa.

Chegamos cedo, a sala já estava cheia, mas existe um computador, que dependendo do seu caso emite um número específico para você. Beleza. Pegamos nossa senha, nos acomodamos (a sala estava repleta de asiáticos e meia dúzia de americanos) e esperamos.

Tudo muito ordeiro, ninguém reclamando, ninguém precisando chegar as 5 da manhã, sem filas com água e banheiro a disposição e estacionamento gratuito também. Esperamos mais ou menos uns 40 minutos, já que cada atendimento é individual e finalmente fomos chamados. A atendente pegou nosso senha e começamos a explicar o que queríamos. Ela nos olhou e disse, -sinto muito, mas esta senha é para quem já tem o documento e precisa fazer alguma alteração, para o caso de vocês a senha é outra.

Ein? outra? como assim? Ela não poderia então nos atender já que estávamos alí e havíamos esperado tanto tempo? Ela não poderia dar um jeitinho? Teríamos que pegar uma senha nova e esperar mais 1 hora?

-Não, sinto muito, não posso fazer nada, se não seria injusto com todos aqueles que pegaram a senha correta e também estão esperando.

Tentamos novamente que ela nos atendesse, afinal de contas somos brasileiros e sempre tentamos resolver o problema com um bom papo. Mas a atendente foi irredutível. -Além de não poder atendê-los por tudo que já disse, eu preciso entrar com a senha no sistema para que ele me libera a área de novos SSs e com a que vocês possuem isso não será possível.

Um tapa de luva de pelica.

O marido reclamou queria ir embora. Eu esperei ele se acalmar e disse: Vamos ficar, já perdemos tanto tempo aqui que não vale a pena irmos embora, sem esquecer que a atendende está correta, não seria justo, então se nós erramos, nós temos que aguentar e esperar.

Não tem jeito nem meio jeito, não tem papo, não tem vem cá minha nega. Ela estava certa e nós errados. Não era justo. Nós também podímaos ter agendado uma hora, já que pelo site do setor que emite este documento isto é possível, mas não quisemos.

Demorou, mas gostei disso, organizado, sem protecionismo, sem burlar o sistema.

Funciona redondinho. O cartão vai chegar em duas semanas.
E chega.
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Cristiane A. Fetter

5 comentários:

Ana Cláudia disse...

De fato, Cris, precisamos mudar a nossa postura. Acho que todos nós temos essa tendência a dar um jeitinho e muitas vezes chamamos isso de desburocratização.
Nem sempre é e seu texto ilustra muito bem essa diferença.

Beijos!

Anônimo disse...

Mas eu questiono se, ao invés de protecionismo, o fato dela atendê-los, como provavelmente aconteceria aqui, não seria uma gentileza? Uma forma de compreender que vocês pegaram a senha, tiveram a melhor das intenções, mas apenas erraram. Eu sinto que nem tudo nas nossas relações são maracutaia, mas é aquele jeito compassivo de sermos. Que a maracutaia existe e é irritante, isso não tenho dúvidas, mas a quebrada de galho sem segundas intensões, apenas por compreensão de uma situação chata, também é bem legal. E nos afasta um pouco da frieza e do racionalismo extremo do norte.

Anônimo disse...

Eu acho que o meio-termo é fundamental. Nem tanto a EUA, nem tanto ao Brasil.

Lívia disse...

Nossa, não quero nem comparar (mas comparo) com o drama que foi tirar meu documento argentino... cheguei na fila 4h da manhã, zero graus, pra conseguir um horário pra 3 meses depois... se só pra conseguir o horário foi essa dificuldade, imaginem pra tirar o documento!

Estou tão traumatizada que não tenho intenção nenhuma de tirar a minha cidadania!

bjs

Cristiane A. Fetter disse...

Eu também acho Ana, se a atendente abrisse uma exceção para todos aqueles que erram, ela nao iria fazer outra coisa e seria injusto com os que fizeram tudo certinho.
Mas o Brasil ja caminhou muito em relacao aos seus processos, mas o caminho é loooooooooogo.