Eu não pretendia escrever aqui sobre a morte da Isabella.
Isso porque tenho feito um exercício árduo para tentar não julgar as pessoas. Muitas vezes tiramos conclusões precipitadas simplesmente por impressões que nós temos sobre alguém ou alguma coisa e que necessáriamente, pode não querer dizer nada.
Outro dia mesmo meu marido se viu envolvido num episódio em que coincidentemente as coisas aconteceram em torno dele e ele não tinha nada a ver com a história. Foi um acúmulo de coincidências. Foi engraçado mas nem sempre é assim.
Vejam a morte da Isabella.
A mídia está caindo em cima, o pai e a madastra estão presos e muita gente já está convencida da culpa do casal, simplesmente porque não há prova de inocência.
Só que também não há de culpa. Temos um aglomerado de fatos que ainda não levam a nenhuma conclusão.
Eu tive “madastra”, padastro e tenho enteado. E isso não desmerece os afetos envolvidos, simplesmente porque não somos pais biológicos. Não é a mesma coisa, mas um dia meu enteado colocou mais de meio corpo pra fora da janela para falar com uma amiguinha. E ele estava na nossa casa passando as férias com o pai. Era eu e ele dentro de casa. Foi um dos maiores sustos de minha vida. Eu gosto demais dele e quero o bem dele como quero aos meus filhos, tirei-o da janela com calma, como tiraria os meus. Mas e se o pior tivesse acontecido? Mas será que alguém não ia achar suspeito não termos rede de segurança, por exemplo? E não tínhamos pelo simples fato de que tínhamos acabado de nos mudar. Nada suspeito. Como eu disse, não é a mesma coisa mas que precisamos ser cuidadosos nos julgamentos, precisamos porque é preciso muito motivo para um pai matar uma filha e jogar tudo pro alto, sabendo que sua vida iria virar de cabeça prá baixo e que ele ainda tem dois filhos para cuidar.
Lembrei do caso da Madeleine, a menina inglesa que desapareceu em Portugal. Não condeno os pais, mas eu nunca conseguiria deixar as crianças, mesmo que adormecidas, sozinha em casa, ainda mais num quarto de hotel. E nós aqui somos meio “neura” com esse negócio de deixar os filhos sozinhos. Quando chegamos em casa e eles estão dormindo, um entra em casa e arruma as camas, o outro fica no carro com eles. Depois o que entrou volta e entramos com os dois. Loucura, nossa? Sei lá.
Mas isso não é uma prova de culpa, precisamos ser humanos nessas horas ou estaremos no mesmo patamar dos monstros que cometeram esses crimes.
O que temos é uma criança, misteriosamente assassinada, uma mãe nova, um pai novo com 3 filhos e uma madastra, também nova, ainda estudante. Só essa dinâmica familiar já chama atenção. Contudo são pessoas que , com certeza, não cometeriam um crime como esse a achariam que ficaria por isso mesmo. Qual seria o motivo para tamanha covardia, brutalidade e violência a ser cometido por um pai de três filhos e uma madastra com um filho de 10 meses ainda nos braços?
É uma história estranha e cheia de interrogações, mas eu não me junto aos que apontam o dedo para este casal. Posso até estar enganada mas prefiro aguardar os acontecimentos porque um julgamento precipitado pode ser muito injusto com essas pessoas. Suas vidas nunca mais serão as mesmas e , se eles forem inocentes, nem puderam sentir sua dor.
Amigos, cuidado com a mídia.
Destruir a vida de uma pessoa e de uma família é fácil e cometer injustiças, acredito ser mais fácil do que cometer crimes.
E agora, me lembrei do caso da Escola Base em SP. Lembram disso? Uma escola acusada de abuso sexual. Os responsáveis foram julgados e condenados pela opinião pública. Sua casa, sua vida e a escola foram destruídas. No final, descobriu-se que eram inocentes e que nada passou de uma atitude inconseqüente de uma criança que falou uma mentira para sua mãe. A vida nossa continua...e a deles?
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Não atiremos a primeira pedra ...
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14 comentários:
Nossa, pela primeira vez vejo este caso sendo tratado com lucidez. Concordo absolutamente. Tb não sou ninguém pra julgar, mas todos os que conhecem o pai, dizem que esta agressividade nunca fez parte da personalidade dele. O caso é cruel ao extremo e passional. A comoção pública é natural. Mas os profissionais deveriam lidar com ele de forma mais cautelosa. Quem quer que seja o culpado, deveria ser tratado como tal apenas depois que se houvesse certeza. Muitas vidas já foram destruídas por afirmações infundadas e ampliadas pela mídia. A já citada Escola Base, a do suspeito de enviar uma bomba para o congresso (a Folha até fez um perfil de uma página do suspeito, que no final ficou provado, não tinha nada que ver com o caso e teve sua vida exposta desse jeito), o caso Bodega, que chegaram a prender uns 5 meninos inocentes, apenas para dar uma resposta ao público. Enfim, os casos se sucedem e aparentemente não aprendemos. Hoje o apedrejamento em praça pública é feito pela mídia. De forma tão ou mais cruel.
Ana, acabei de ler um post sobre o assunto num blog, e olha o que eu comentei (me dei ao trabalho de copiar e colocar aqui, só pra vc ver a sintonia com o seu pensamento):
***
renata disse: Seu comentário aguarda moderação.
9 de Abril de 200812:04
A impensa ou a opinião pública (whatever!) sempre fazem isso. Eu posso até ser ingênua por acreditar demais no ser humano, mas até que provem não consigo acreditar que um pai seria capaz de um ato tão monstruoso. Pensava da mesma forma na época em que os pais da inglesa Madeleine foram apontados como suspeito de seu desaparecimento. naa foi provado contra eles, e já tem um ano que a menina desapareceu. E minha crítica não é só quanto à postura da imprensa. Aqui no Brasil a polícia, assim como a justiça, falam demais e agem de menos. Não me espantarei se esse crime bárbaro ficar sem solução.
Renata
***
É muito bom ver que tem gente por aí que pensa como eu, me dá esperança no futuro!
O post cujo comentário copiei acima é bem legal, se quiser visitar, esse é o link: http://blog.marcosserralima.com/2008/04/09/reu/
Um beijão,
Renata
Oi Ana Cláudia,
Tem um presente para ti lá no Vai, Carla! Ser Gauche na Vida!
Vai lá conferir! ;-)
Beijos
Ana,
Eu também fiz um post a respeito do caso da Isabella, mas meu foco foi na questão de cuidar de filhos que não são nossos. Eu também já fui madrasta e senti o peso da responsabilidade de estar com uma criança que não era minha filha.
Eu tampouco julgo os pais, não sei se são culpados e se forem inocentes, eles foram muito injustiçados pela mídia.
Tomara que a verdade prevaleça e os verdadeiros culpados, condenados.
Bem Ana... leio sempre seu blog e achei sua postagem mt pertinente, pois penso da mesma forma. Nós q somos pais e mães sabemos q é algo inimaginavel uma familia estruturada que possui outros filhos serem capazes de tal ato. Vamos aguardar novos fatos que realmente possam elucidar o caso.
bj
Parabéns Ana
Inclusive por relembrar o caso da Escola Base, que já foi objeto aqui de uma troca de comentários entre nós.
A verdade é que quando lidamos com IMPRENSA e POLÍCIA, temos que ter sempre em mente que:
Para a IMPRENSA "interessa" que os pais sejam os culpados, pois torna a notícia muito mais "vendável".
Para a POLÍCIA tanto faz quem seja(m) o(s) verdadeiro(s) culpado(s). O que importa é "solucionar o caso".
É amigos, já apareceu um vídeo de duas horas antes do assassinato onde a Isabella estava fazendo coisas absolutamente normais e agindo normalmente com a família do pai. Outro laudo mostra que não havia manchas de sangue no carro do pai como foi noticiado.
Nem tudo era como estavam dando a entender...e a família está se monstrando inocente como se declara.
Vamos continuar aguardando.
Não vou te dizer que não caio nessa armadilha do pré-julgamento, tento, mas .... ...porém procuro não emitir opiniões e procuro me colocar o mais neutra possível para assim "tentar" enxergar os fatos com clareza. Sou madrasta e sei que estamos sempre em evidência. Precisamos ter muito cuidado com nossa curiosidade mórbida e com nossa "sêde de justiça para os outros".Lembro muito bem dos casos citados e do que ocorreu nas vidas dos envolvidos. No blog do Guilherme Fiuza tem o relato de um episódio vivido por ele que em muito se parece com o caso Isabela.
http://www.guilhermefiuza.com.br/ Seria bom que todos nós pudessemos ler o relato dêle e assim nos encher de paciência e esperança de que a verdadeira justiça será feita.
Nem sei o que pensar...tem tanta gente maluca neste mundo. Não duvido da capacidade do pai em matar, nem da madastra, nem de ninguém. Até agora, tudo é possível...
A mídia está explorando tanto esse crime bárbaro que fica difícil não julgar, mesmo que inconscientemente.
Tomara que a verdade seja revelada logo e o(s) culpado(s) sejam punidos.
Beijos
Eu concordo com o que está sendo colocado aqui mas quero dizer porque eu acredito na chance deste casal ser culpado:
1. se um filho meu fosse assassinado e eu fosse preso como suspeito, estaria gritando dia e noite na prisão que prenderam a pessoa errada enquanto o verdadeiro assassino está solto.
2. minha família estaria fazendo a mesma coisa
E eu não vejo isso acontecer....
Depois da entrevista no Fantástico, tá difícil acreditar na inocência deles...me desculpem a franqueza.
A impressão que tenho é que o casal tenta tanto provar e justificar a inocência que acaba se incriminando. Acho cruel demais o crime ter sido cometido por eles e acredito, principalmente, que o julgamento virá das autoridades competentes e não de nós ou das emissoras. A globo, ontem, até psicólogo colocou para avaliá-los como se fosse a dona da verdade. O pior é que o casal precisa se sujeitar à globo ou a situação ficará pior, pois sabemos o que uma emissora poderosa é capaz de fazer.
Nos dois casos citados eu tenho a esperança que a inocência dos pais seja constatada, mas, ainda que seja confirmada, terá sempre alguém dizendo que o veredito foi comprado.
Uma coisinha... tb tenho entiado e a mãe dele é capaz de barbaridades para tentar complicar a vida de meu esposo. Por isso, nenhuma possiblidade pode ser descartada e o casal é inocente até prove o contrário.
AH! A SEGURANÇA COM OS FILHOS É FUNDAMENTAL. ACHO MUITO BOM ESSE JEITO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO.
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