quarta-feira, 23 de abril de 2008

A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E O FIM DO MUNDO


Se é verdade que caminhamos para uma grande hecatombe planetária provocada pela ação humana, uma grande parcela (a maior) de responsabilidade pode ser creditada à indústria automobilística.

Nada é mais danoso, mais ambientalmente agressivo, mais devastador, do que o AUTOMÓVEL, no contexto em que nós, humanos, o colocamos no mundo de hoje.Maior fonte de emissão de dióxido de carbono entre todas as decorrentes da atividade humana:

Maior responsável pela exaustão de uma série de Recursos Não-Renováveis;
Maior responsável pela "desumanização" das cidades, dentre outras pragas, o AUTOMÓVEL segue reinando soberano sobre todos os "objetos de desejo" do ser humano.

Não há no mundo NENHUMA instituição SÉRIA que empreenda uma luta em prol da DIMINUIÇÃO gradual do número de veículos produzidos no planeta. Não há nenhuma iniciativa, de ordem governamental ou não, no sentido de por um freio neste desastre anunciado. Em todos os países cidades agonizam, se desfiguram arquitetonicamente para abrir cada vez mais "vias" para circulação de veículos em detrimento da tão decantada ( e mal compreendida ) "qualidade de vida".

Intrinsecamente relacionada com a vaidade humana na sua vertente mais egoísta, a posse de um automóvel (novo, sempre mais e mais e mais novo!) é o senhor absoluto entre os muitos "objetos de desejo" (repito o termo por não encontrar outro mais apropriado) forjados pela nossa civilização consumista. Cidades do porte de S. Paulo e Rio (para ficarmos "em casa") recebem em torno de VINTE MIL novos veículos por mês (cada) em suas já saturadas vias, contra menos de MIL que saem de circulação. Não importa o tipo de combustível, TODOS despejam gás carbônico na atmosfera! Criamos mil ONGs, mil BLOGs, mil SITES e sei lá mais o que, para combater o PET, o Fumo, o Álcool (bebível), os alimentos transgênicos, os defensivos agrícolas, as drogas ilícitas, a fome, a violência, a corrupção, o preconceito,o escambau! Contra a escalada absurda, irracional, catastrófica, da indústria automobilística NADA. Completamente seduzidos, (quase) todos nós, sob as mais variadas desculpas e pretextos, nos dirigimos, uma vez por ano (ou a cada dois, ou três...), a um desses "templos" (concessionárias), para a consubstanciação do "grande desejo": O carro novo! Quantas pessoas você conhece que já permaneceram quinze anos com o mesmo carro? Eu só conheço uma, EU! Mas não quero me colocar de fora dessa não. Mesmo eu sucumbi! Sucumbi aos olhares de desdém, às críticas dos amigos, e, por que não? à sedução!

P.S. Aposto que este post baterá o recorde negativo de comentários do blog. É que o assunto é incômodo!
__________________________________________________________________________________ Ivo Fontan

10 comentários:

Anônimo disse...

Ivo, uma das minhas metas para este ano é andar menos de carro. Espero que, em pouco tempo, esteja comemorando mais esse feito.

Li outro dia sobre uma cidade da Europa (acho que era Copenhagen) que estava anunciando o *fechamento* de vias em vez do contrário. Eles vão fechar ruas para carros e abrir para pedestres. O objetivo é que a população saia menos de carro e compre menos carros. E, claro, além disso, eles investem em transporte coletivo.

Porque andar menos de carro requer um esforço individual, mas também requer um esforço das autoridades, pois se o povo não tem como se locomover adequadamente de outra forma, não tem estímulo pra deixar o carro de lado.

Luz Fernández disse...

Concordo com sua argumentação e sou adepta do transporte público. Não dirijo e ponto. Já morei em São Paulo, fora do país também, e sempre me virei usando ônibus e metrô.
Só tenho uma ressalva em relação às política públicas para inibir o tráfego de carros. Em Paris, por exemplo, a cidade limita o tráfego de veículos na região central e tem bicicletas para alugar em diversos pontos.
Em Nova York, o movimento Critical Mass, do pessoal que se locomove de bike, pressionou tanto que as autoridades locais já estão estudando a possibilidade de pedágio para carros na grande Nova Iorque.
No link do Cidades & Soluções, destaco o programa especial sobre transporte em duas rodas:
http://www.mundosustentavel.com.br/globo090907.asp
Porém, concordo contigo que mudar uma demanda fomentada pelo mercado é um desafio. O discurso, no momento, é que o carro é "eco" alguma coisas.
Parte de cada um ter consciência e saber o que é melhor para o planeta, uma vez que a emissão de CO2 na queima de combustível de veículos é a 2º maior fonte poluidora em grandes centros, como São Paulo, conforme estudos da Cetesb apresentados em março, em seminário internacional em São Paulo.

Anônimo disse...

Luz, adorei os dados, que link pra lá de bom.

Se cada um entrar em contato com a prefeitura de sua cidade e apresentar soluções, exigindo que medidas práticas sejam tomadas, a coisa pode melhorar. Aqui em São José dos Campos, tem muita, mas muita gente mesmo que usa a bicicleta como meio de transporte. Se o governo fizesse um esforço para dar melhores condições aos ciclistas, acho que mais gente ainda aderiria à bicicleta como meio de transporte.

Rita de Cassia disse...

Trabalho com Seguro para automóveis e tenho observado o aumento da aquisição de carros novos (zero). As principais avenidas desta cidade não comportam mais o número cada vez maior de veículos, os congestionamentos estão mais intensos .
Conheço pessoas que não vão na padaria se não for de carro, e olha que a danada fica a poucos metros da casa.
Sinceramente não sei quais medidas poderiam ser tomadas para melhorar o trânsito e ainda acalmar a sede do carro (novo).

Geovana disse...

Ivo, confesso que venho adiando a compra de um carro por N motivos que vão da despesa muitas vezes desnecessárias, dos aborrecimentos em congestionamentos e direções ofensivas, das emissões de gases na atmosfera. Sou adepta do transporte coletivo e da caminhada. Faço isso sem constrangimento. Saio um pouco mais cedo e vou lendo enquanto os motoristas se estressam.
Não é questão de ter carro velho ou novo, é que com os financiamentos todos querem e podem ter carros, é como se fosse um dever social.
Acredito que melhorar o transporte coletivo e insentivar o uso é um bom começo para sanar esse caos previsível que está se instalando em todo o mundo.

Geovana disse...

Outra coisa: Negativas ou positivas, fazer as pessoas pensarem, debaterem e se expressarem sobre um assunto é importante. Às vezes um pouco de polimento é necessário, se colocar no lugar do outro e não ser tão radical. Mas no geral é uma virtude perceber a importância de determinados assuntos.

Carla Beatriz disse...

Ivo,

Nosso carro de família foi um Passat que ficou conosco de 1977 a 1992.
Hoje em dia estou sem carro e confesso que me faz muita falta, mas estou conseguindo viver sem ele.
É verdade, o número de carros só faz aumentar e transformar nosso trânsito mais caótico do que já é. Lugar para estacionar então? Cada vez mais difícil de encontrar! Buzinaços são cada vez mais freqüentes e a qualidade de vida nas cidades só tende a cair ... Complicado mesmo.

Excelente post.

Um abraço

ana b. disse...

ah, o ivo anda mesmo "mal-humorado"... rs
[esperar q esse post bata recorde de comentários negativos! mas se ele está coberto de razão...]
meu pai passou 15 anos com o mesmo fusca. engenheiro da poli/usp (numa época q isso era de um status danado), entrava ano, saía ano, e ele lá, com o fusquinha azulzinho, pra cima e pra baixo, carregando toda a família. o velocímetro virou 2 vezes!!!
aqui em casa, carro é necessidade, mas nunca status. nossos carros já viraram velocímetro tb, e vamos a qq lugar com nossos carros "antigos", demodeés...
mas, morando numa cidade grande como sp, é improvável q vc consiga se locomover de um canto a outro da cidade sem apelar pra essas máquinas. é verdade tb q está ficando cada vez mais difícil esse deslocamento...
então, a questão é maior, bem maior: exigir transportes públicos mais e melhores, trocar os pequenos deslocamentos motorizados por caminhadas (= conscientização da população), pressionar nossos políticos por legislação rigorosa e restrições necessárias...
é difícil, mas temos q juntar às nossas milhares de ONGs, sites, blogs etc de proptesto contra "PET, o Fumo, o Álcool (bebível), os alimentos transgênicos, os defensivos agrícolas, as drogas ilícitas, a fome, a violência, a corrupção, o preconceito,o escambau!"...
é duro... mas alguém tem q botar o dedo na ferida!

Lucia Freitas disse...

Oi, Ivo
Nada! só comentários te apoiando. é o trânsito fazendo um grande serviço entre os "conscientes".
Esta aqui ficou com o mesmo Uno (eficiente e economico) por quase 10 anos. Foi vendido e trocado pelos ônibus e metrô de Sampa. confesso: uso táxi. E prefiro os eficientes no quesito ecologia. Tem um outro detalhe, que ninguém lembra: pneus. Eles são uma verdadeira praga e detonam o ambiente tanto quanto monóxido e dióxido de carbono. Pior: reciclagem é caríssima e consome montanhas de energia... ó horror! Para quê era mesmo que a gente precisava de carro?

Ana Cláudia disse...

Aqui em casa a gente tem usado bem menos o carro concentrando nossas atividades na região onde moramos.
Minha maior dificuldade com o carro é que nós gostamos de dirigir. No meu caso, quando era pequena, eu brincava de carrinho, enquanto as amigas brincavam de boneca.

Mas mesmo assim, embora não faça parte dos nossos planos ficar sem carro, já busquei o filho na escola de ônibus, e reduzimos bastante o uso, embora ainda tenhamos nossos vícios de uso.

A padaria é perto de carro mas é longe à pé. Mas quero passar a ir à pé mesmo assim para me exercitar.

E bicicleta é algo ainda difícil de usar porque simplesmente as vias não são preparadas aqui onde moro e vira um verdadeiro desafio à coragem. Muita gente usa, mas eu, confesso, não me sinto segura de me misturar com motoristas malucos e muitos menores que dirigem sem carteira respaudados pela irresponsabilidade de seus pais.

Em contra partida, temos que mudar. Acabou de sair no jornal que a frota de SP aumentou mais que a média.

E adorei o link dos Cidades e Soluções. O programe sempre é ótimo.