sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Só preconceito?

No dia das crianças, não podemos falar de outra coisa.
Numa das discussões que participei a respeito de amamentação, houve uma afirmação de que há preconceito contra as mães que não amamentam.

Contudo, há que se ponderar: é simples assim, preconceito?

Eu não tenho dados científicos, pesquisas médicas para confrontar a saúde de crianças amamentadas ou não. E a grande afirmação foi que a amamentação não é lá tudo isso, afinal as crianças das mulheres que não amamentaram eram tão saudáveis quanto as amamentadas. E que muitas ali, afirmavam, nunca terem ficado doentes.

Primeiro ponto: não acredito em crianças que não fiquem doentes.
É como mula sem cabeça, já ouvi falar, mas nunca vi!

As minhas foram amamentadas e ficam doentes como qualquer ser humano. E para mim esse não é o ponto mais relevante. Não tenho crianças que nunca adoeceram em casa mas tenho bom senso.

Se leite de vaca fosse melhor ou a mesma coisa, a gente não produziria leite humano. E está comprovado que o leite materno tem uma série de nutrientes e anticorpos que somente a mãe pode transmitir.

A famosa "intolerância" ao leite é principalmente causada pela inclusão da lactose (via leite de vaca) quando o intestino das crianças ainda é imaturo e não produz a enzima (lactase) para digerir este açúcar. Ou seja, leite de vaca cedo demais. Podemos tentar prevenir quando protelamos ao máximo a inclusão deste alimento na dieta, principalmente daqueles que já tem histórico familiar (caso dos meus filhos que não apresentam a tal intolerância mesmo tendo casos na família).

Penso que não deve interessar se o filho fique mais ou menos doente.O que me interessa é que ele tenha mais saúde e isso inclui ter melhor resposta imunológica, se curar rápido, etc.

Espero que a mães que estejam prestes a amamentar ou amamentando, dêem mais ouvidos aos benefícios do que aos que acham que é tudo a mesma coisa. Amamentar é carinho, afeto, proximidade íntima. Que não cedam aos chazinhos, aguinhas, chupetas e desistam na primeira rachadura. Que é rapidamente e facilmente curada passando-se o próprio leite materno no bico, tal o poder desse líquido. Mas não passe o leite de vaca, tá? Não é a mesma coisa!

E antes que venham dizer que eu estou dizendo que quem não amamenta não recebe o mesmo carinho. Não é isso. Mas venhamos, sugar um bico de látex ou silicone, não é a mesma intimidade. Mesmo que seja o mesmo amor. E também não estou falando de quem não pôde amamentar. E essas são raras e poucas, muito poucas mesmo. Estou falando de quem não quis, não tentou, desistiu fácil, não buscou ajuda profissional.

Agora falar em preconceito, pura e simplesmente, não dá...

Leia o texto abaixo e veja a diferença entre Leite Materno e Fórmula

Leia mais:

Este depoimento da Simone mostra a realidade da amamentação e a facilidade em se acreditar que leite e fórmula é tudo igual.

http://ventosdemudancas.blogspot.com/2007/10/falando-em-aleitamento.html

__________________________________________________________________________________ Texto de Ana Cláudia Bessa

8 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ana. Entendi que vc, nesse texto, se refere às mulheres que não amamentam por opção. Mas acho que é um pouco mais complicado do que parece. Mas deixo claro, antes de mais nada, que sou uma grande incentivadora da amamentação, inclusive minha experiência foi fantástica, AMEI amamentar. À noite ainda dou o peito pra minha filha de 2 anos, e minha grande dificuldade atualmente é tirar, pois praticamente não tenho mais leite e ela está, digamos, viciada.
Mas deixa eu tentar explicar meu ponto de vista: lembro que uma das primeiras coisas que o pediatra da minha filha me falou foi que a estratégia que ele adotava pra incentivar o aleitamento era impondo o mínimo de restrições para as mães. Em vez de uma listas de coisas que não podia comer, ele simplesmente disse que proibido eram apenas o álcool e a cafeína. Segui seu conselho à risca, comia de tudo. Minha dieta em geral é bem saudável, a exceção do chocolate (que aliás tem cafeína, mas segundo ele pra fazer mal precisa comer meio quilo por dia), mas até pimenta eu comia. E minha filha nunca teve uma cólica. E ele completou: coloco o mínimo de restrições porque o nosso incosciente é muito maior do que o consciente e podemos acabar achando 1000 desculpas para não amamentar. Por que algumas mães desistem por causa das rachaduras e outras não? Meu peito sangrava, mas eu jamais pensei em desistir.
E tem muitos outros fatores envolvidos. Não dizem por aí que não existe esse negócio de leite fraco ou pouco leite? Eu não acredito nisso, mas sei que se a mulher não está bem relaxada ou com dificuldades emocionais para estabelecer o vínculo com o bebê, seu organismo vai ter mais dificuldade em liberar a oxitocina, hormônio que faz com que o peito encha. Às vezes a própria ansiedade, quando o bebê tem mais dificuldade de pegar o peito pode atrapalhar o relaxamento e a consequente liberação desse hormônio. E vira uma bola de neve, porque é algo que não podemos controlar. A ansiedade atrapalha, gera frustração, na mamada seguinte mais ansiedade e assim por diante. Resultado? A mãe tem pouco leite.
Acho que deveíamos ter mais informação a respeito do processo. Deveríamos ter mais consciênci ada necessidade de uma preparação pré concepção em sentido muito amplo. Normalmente, além da vontade de ter um filho, é claro, pensamos nas questões práticas que envolvem a questão, não é mesmo? Mas nunca pensamos se estamos emocinalmene preparados. Não sei se vc já ouviu falar da Ciência do Início da Vida, é a tese de doutourado da Dra. Eleanor Luzes, uma psiquiatra e analista junguiana aqui do Rio. Ela compilou estudos e análises a respeito da concepção, gestação, parto, amamentação e os três primeiros anos de vida da criança. E ocm base neles, propõe a necessidade de uma disciplina envolvendo o tema no ensino médio e nas faculdades, para que os jovens, futuros pais e mães, sigam mais preparados e mais conscientes do que as gerações anteriores. A ideia principal dessas tese é de que precisamos gerar o homo sapiens frater para que tenhamos um futuro, um mundo melhor. A Dra. Eleanor entende que se estivermos emocional e fisicamente saudáveis, devidamente preparados, teremos condições de conceber, gerar, parir, amamentar e criar seres humanos que farão a diferença no futuro. A tese é lina,nem preciso dizer. Poderia falar sobre isso horas a fio. Minha terapeuta está envolvidíssima nessa causa, por isso tive acesso ao tema. Se vc tiver interesse, Ana, posso te passar uns links e falar mais a respeito.
Meu comment virou um testamento, praticamente um post! acabei desvirtuando um pouco o que queria dizer inicialmente, mas uma coisa leva à outra. Espero que não tenha ficado sem pé nem cabeça.
Um beijo grande.
Renata

Vera Falcão disse...

Ana, realmente fiz essa tradução pra colocar numa comunidade do orkut, mas nada contra que ela sirva para ser divulgada em outros lugares, já que sua função é informar e a informação deve ser disseminada.

Abraço

Anônimo disse...

Eu nunca tive filhos, portanto nunca amamentei,mas como sou da área de saúde, sempre procuro incentivar a amamentação, pq realmente não tem alimento melhor para o bebê, aquele leite foi feito especialmente e exclusivamente para ele. Para que substituir??

bjs

Cristiane A. Fetter disse...

Ana, as vezes se descobre que a criança é alérgica a lactose mesmo antes dela beber o leite de vaca.
Eu tenho uma amiga que descobriu que o leite de vaca que ela tomava estava causando alergia no filho.
E olha que demorou para descobrir isso. Retirou tudo que continha lactose da própria alimentação. Até remédios que continham em sua fórmula a lactose, como é o caso do floratil que os pediatras receitam muito para as crianças.
Aqui nos Estados Unidos isso é um grande problema, pois não existe licença maternidade, então a mãe normalmente tira 3 semanas de licença (não remunerada na maioria das vezes) e ao fim disso ela retorna ao trabalho e aí não tem jeito, tem que colocar em creche e a criança é desmamada. Algumas até se esforçam e tiram o leite com bombas para que a criança tome na mamadeira, mas em muitos casos isto não acontece.
Aliás temos até que enaltecer este ponto no Brasil que é a licença maternidade.
Eu não sou radical, tento aceitar o que os outros querem fazer, mas sempre que posso incentivo o aleitamente materno.
Estou sempre explicando porque é melhor, mas como eu disse acima, aqui nem sempre é possível amamentar.
E a Renata tocou num ponto importante, quando eu amamentei o bico dos meus seios também racharam, sangraram, ficaram muito doloridos, mas nem por isso eu desisti e se tivesse que amamentar de novo eu o faria sem medo de ser feliz.

Ana Cláudia disse...

Amigas,

Sabem , às vezes minha forma de escrever é muito contundente mas isso depende muito do que gerou o testo. neste caso foi uma discussão ferrenha no orkut entre mães que , em sua maioria, defendia o aleitamento artificial como sendo a mesma coisa. E são mulheres assim que influenciam mal essa mães que são pisicologicamente influenciáveis na hora do início da amamentação.

Penso que precisamos mostrar que , não, não é a mesma coisa.

Que alimentação artificial só em último caso.

Que raras são as mães que mesmo com ajuda profissional não conseguem amamentar.

Que muitos problemas são facilmente resolvidos e possíveis de serem superados.

E que querer, pode não ser um direito da mãe, a partir do momento que somente nós temos este alimento para oferecer.

Ana Cláudia disse...

Renata,

adoraria ler a respeito, me mande os links!

Cris,
casos como esses que você a Renata citaram do fator psicológico e da lactose causando alergia já através da mãe, são raros diante da infinidade de mães aptas a amamentar que não o fazem por motivos "resolvíveis".
A questão da licensa maternidade é outro peso porque além de ser possível contornar (no Brasil a lei permite algumas concessões). muitas vezes nem isso adianta e a amamentação acaba sendo interrompida, mas a gente tem que compreender casos assim. Afinal muitas mães sustentam seus lares ou colaboram com o orçamento doméstico. Cada caso é um caso.

Não falo das mães que queriam e não conseguiram.
Falo das mães que nem tentam depois da primeira dificuldade alegando que é tudo igual, quando não é.

BJS!

Anônimo disse...

Eu não tive problemas para amamentar, mas confesso que me senti muito cansada em muitos momentos. Amamentar esgota demais a mãe.
Mas continuei porque concordo que eu não teria direito de escolher não amamentar estando em condições para isso.

Ana Cláudia disse...

Vera, Obrigada por nos autorizar a publicar seu texto e nos brindar com tanta informação relevante!

Claudinha, realmente, existem momentos que eu também me sentida cansada, esgotada. Acho que todas as mães passam por isso. No meu caso, cansaço por cansço, eu sempre preferi o cansaço de amamentar (que na maioria das vezes é prazer, um momento de tranquilidade e paz) do que o cansaço de preparar mamadeira, levar peso para a rua, não ter onde esquentar...essas coisas.

Mas te entendo e concordo com você que eu também não coseguiria negar este alimento aos meus filhos.