terça-feira, 23 de outubro de 2007

SAUDADE PODE?

Estava conversando com uma grande amiga através do messenger, e ela me fez a seguinte pergunta: Como eu posso sentir saudades de alguém que eu não conheço?.

Resposta: pode sim.

Eu sinto saudades de pessoas, lugares e coisas que eu nunca ví, mas que ouço falar tanto que parece que eu já conheço.

Um exemplo são meus sogros, eu não os conheci pois já tinham falecido quando eu conheci o filho deles. Mas são tantas histórias contadas por este filho, e que lembra com tanto amor deles, que acabo sentindo saudades.

Uma grande saudade é não ver meu filho com os avós paternos. As brigas que eu teria com minha sogra, as fofocas que eu faria dela para minha mãe, que meu marido não me leia, risos.

E os lugares então? Sinto saudades de lugares que não visitei no mundo e principalmente no Brasil, ainda mais agora que não moro lá, ou aí.

Cheguei a seguinte conclusão: preciso falar sempre para meu filho das pessoas que me são caras, dos lugares que eu amo, das histórias que vivi. Preciso deixar presente o que aprendi. Fazer como os índios que passam sua cultura e experiência através das histórias e estórias.

Quero que ele sinta as emoções que eu vejo e sinto ao lembrar ou ouvir algo. É um brilho que eu vejo nos olhos da minha mãe que conta coisas que ela ouviu falar, é a alegria do meu marido que fala sobre a chegada da família dele no Rio Grande do Sul (eles chegaram a fazer um livro sobre a árvore genealógica da família), é a entonação da voz de meu vizinho, que é americano, contar coisas muito interessantes sobre o país dele.

Tenho que manter viva esta tradição de sentir saudades daquilo que a pessoa não conhece mas que gostaria de conhecer. A chama da curiosidade por um passado que é seu (ou não), e que é tão rico.

Tenho que ter um tempo só para isso, ou então deixar que outros possam fazer, meus pais, os sogros, os tios, os amigos, os mais velhos.

Mas a saudade não precisa ser um sentimento triste. Minhas saudades me impulsionam a realizar muitas coisas, inclusive escrever este texto.

E claro, continuar sentindo saudades, muitas saudades.

_________________________________________________________________________________
Texto de Cristiane A. Fetter

9 comentários:

Carol Arêas disse...

Oi, Cristiane,

Que texto cativante!

Estou morando fora do Brasil há alguns meses e sei bem o que é saudade! Mas procuro, como vc escreveu, não deixar que seja um sentimento triste, mas só uma viagem às boas lembrança da vida!

Fico feliz que tenha gostado do meu blog!

Geovana disse...

Muito bonito seu texto. Não tinha encarado esse sentimento como saudade, mas pode ser sim.

O Brasil continua lindo e te esperando.

Cristiane A. Fetter disse...

Carolina,
Que bom que você gostou do texto Carolina, nós exilados sabemos o que é este sentimento né?
É como você disse uma viagem as boas lembranças.
E nós exilados sabemos bem disso né?
Obrigada pela visita.

Geo, que o Brasil não só continua lindo como eu, e acredito que a maioria dos brasileiros que moram fora, faz propaganda dele. Tenho livros fantásticos com paisagens brasileiras e quem os vê ficam encantados.
Faço com que os americanos (e outras nacionalidades), morram de saudades destes lugares e babem de vontade de visitar.
Obrigada pela sua visita.
Abraços

::Carina:: disse...

Aiiiii... Sinta muita saudade. Sempre!
E escreva sempre textos lindos assim!!!
Adorei! (sou uma nostálgica de carteirinha)
Bjos pra vc!

Cristiane A. Fetter disse...

Fazemos parte do mesmo clube então, risos.
Obrigada Carina.
Beijos

Ana Cláudia disse...

Sabe, Cris, acho uma delícia sentir saudade...
tem uma música que fala sobre isso, deixa eu lembrar...

Ter saudade até que é bom, melhor que caminhar vazio...

Também sinto saudade de muitas coisas, de muitas pessoas e não acho que saudade é sinônimo de sofrimento.
E todos esses sentimentos e a forma como lidamos com eles, nos fazem crescer e amadurecer. Que nossos filhos tenham sempre motivos para sentir saudades e nunca caminhem vazios!

Aline Silva Dexheimer disse...

Oi...Saudade deve ser cultivada sim, mas não pode tornar-se uma obsessão no dia a dia de que a sente...
Quando morei em SP durante 6 anos, me sentia sufocada de saudade da minha família, dos amigos, da cidade, do ar, dos cheiros...Nem sempre lidei muito bem com tal sentimento.Quando retornei, deixei tantos amigos e familiares do meu marido que hoje também sinto saudades e até mesmo de lugares...(risos)
A vida é assim mesmo...mas saudade positiva é aquela que agarramos,experimentamos e seguimos em frente...
Beijos,Aline

Cristiane A. Fetter disse...

Oi Aline, é assim mesmo que eu penso, Saudade positiva.
Sempre em frente.
Obrigada pela visita.
Beijocas

Evellyn disse...

Adorei o texto e as imagens!
Atualmente, morando longe dos meus familiares e amigos, convivo com esse sentimento diariamente.
Beijos