quinta-feira, 22 de novembro de 2007

PARADOXOS IV

Muito "doido" esse "troço" né? O mundo da informática trouxe para nosso convívio próximo as expressões MEGA, GIGA, e já está chegando por aí o TERA. Alguns profissionais e homens de ciência já lidam com essas grandezas há algum tempo: Os matemáticos, físicos, químicos, astrônomos...Só que lidar é uma coisa, compreender é outra.

Vejam essa: A queima de um litro de gasolina gera uma quantidade de moléculas de CO2 (gás carbônico) que está situada na casa dos SEXTILHÕES. Você ENTENDE isso? Então responda: Quantos grãos de areia existem numa praia (assim do tamanho de Copacabana, por exemplo)? Será que chega perto do tal sextilhão? Pois saiba que se somarmos TODOS os grãos de areia de TODAS as praias do PLANETA não teremos um sextilhão de grãos!!!

Mas afinal, onde eu quero chegar com essa "doideira"? O ponto é o seguinte: A nossa limitação humana em compreender Grandes Números muitas vezes nos leva a avaliações equivocadas sobre a real dimensão dos IMPACTOS provocados por nossos hábitos e atitudes cotidianas. Na ânsia de fazer a "nossa parte" no processo de salvação do planeta, muitas vezes "enfiamos os pés pelas mãos", dando importância desmedida a coisas que nos parecem efetivamente graves, mas que não o são tanto quanto pensamos, e, deixando "passar batido" outras que, por não conseguirmos mensurar, não atentamos para seu verdadeiro impacto.

Eu exemplifico recorrendo a um tema que já foi objeto de discussão neste mesmo blog: O hábito de queimar folhas e galhos secos da varredura de quintais. No bojo do alerta sobre o processo de "aquecimento global" (que é, de fato, seriiiiiíssimo), disseminou-se uma verdadeira ojeriza a qualquer ação que implique eu "queimar qualquer coisa", incluindo aí as velhas e costumeiras "queimadas" para efeito de plantio. Foco errado. Lembra do "sextilhão" lá do início? Pois é, Um tanque de combustível (fóssil) de um automóvel joga no ar uma quantidade de CO2 absurdamente maior do que a queimada de "sei lá quantos hectares" de área agriculturável.

Sem falar nos chamados "incêndios espontâneos", que tanto "horrorizam" as pessoas, sobretudo quando ocorridos nas chamadas "Áreas de Preservação" e que não passam de fenômenos naturais, sazonais e necessários (isso mesmo, necessários: São inúmeras as espécies vegetais desses eco-sistemas cujas sementes dependem do FOGO para germinar!)

Bem, o recado que quero deixar ao fim desta série de textos é: CUIDADO COM OS PARADOXOS. Não se deixe levar por modismos, textos apócrifos ou de procedência duvidosa, sobretudo por informações colhidas através da imprensa (ou mídia, se preferirem). Tomem suas decisões, mudem hábitos e atitudes baseados em informações seguras e confiáveis. Lembrem-se, somos um planeta habitado por BILHÕES de pessoas. Nesta realidade não cabem mais soluções simplistas, açodadas ou equivocadas.

Não se DESINVENTA o progresso. Podemos, e devemos, corrigir-lhe o rumo, mas somente com inteligência e bom senso. Fora disso é GUERRA, e nesta, perdemos todos!

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Ivo Fontan

3 comentários:

Ana Cláudia disse...

Adorei, adorei, adorei!

Inclusive, quando você diz que muitas expécies precisam do fogo para germinar e quem muitas queimadas são, na verdade, fenômenos naturais, me lembrei de um texto que li falando justamente dos pinheiros. Num determinado lugar a seca castigava e todo mundo evitando e se preocupando para que não houvesse fogo numa mata de pinheiros. Contudo, o fogo pegou de repente, incontrolável. Os pinheiros que morriam na seca, agora queimavam. Passado o fogo, as milhares de pinhas caídas no chão, abriram-se e soltaram as sementes e a floresta, depois de algum tempo, renasceu, renovada depois da queimada. Algo mais ou menos assim...

Anônimo disse...

Muito bom seu grupo de textos entitulado Paradoxos.
Vale para reflexão.

Anônimo disse...

Obrigado, Ana e Paola.
Minha intenção é nada mais do que chamar a atenção para o fato de que não adianta nada termos boas intenções (para mudar hábitos e atitudes) sem buscarmos o conhecimento a respeito das verdadeiras consequências desses hábitos e atitudes.
O homem vem "maltratando" o planeta há muito tempo - na sua escala de vida - mas, na verdade a existência do homem, na escala de existência do planeta, é ínfima.
É preciso que separemos bem o que, de fato, agride e o que não passa de histeria, ou ainda pior, "estorinhas" criadas por grupos ou corporações com interesses os mais escusos.
Não esqueçam de que quanto mais crédulos e bem intencionados somos mais facilmente somos também MANOBRADOS.
É um paradoxo, não é mesmo?!