quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Assim ou Assado

Você já viveu em outro país? Sim, então vai saber do que estou falando, agora se não, preste atenção. Até rimou.

Viemos para cá pois fomos transferidos, tivemos sim a opção de não querer, mas achamos que seria uma oportunidade única de aprofundar o conhecimento de outra cultura (ou culturas) e proporcionar ao nosso filho esta visão de um mundo diferente. Mas é muito diferente! E algumas diferenças culturais eu não assimilo, não aceito, não concordo e luto para mudar, ou pelo menos manter as que eu aprendi e acho que são mais corretas. Em compensação tem tanta coisa boa e elas pesam muito nesta balança.

Já mencionei em outro post que os Estados Unidos é um grande país, um caldeirão de culturas e que tem muitos problemas como qualquer outro, mas existem algumas particularidades que são complicadas de entender.

Meu filho de 3 anos e meio frequenta uma creche/escola a mais de uma ano. Beleza. Está falando inglês melhor que eu, até me ensina quando eu falo errado. Está aprendendo "in loco" como se vive aqui, mas não deixamos de passar os valores brazucas para ele. Lá ele brinca, gasta energia, aprende, sociabiliza, volta feliz para casa. Fica durante 3 dias inteiros por semana. Assim a mãe dele tem tempo de estudar o inglês, cozinhar, lavar, passar, arrumar, faxinar, ir ao supermercado, ao médico, escrever para o blog, cuidar do cachorro, já que aqui não temos empregada. Ufa!

Até aí, vida que segue. Tudo normal. Ou quase. As grandes diferenças começaram a aparecer nesta relação com a creche. Vou listar aqui embaixo:

-Levo meu filho de banho tomado e roupa limpa. A maioria das outras crianças chegam lá da forma como sairam da cama.
A creche não dá banho, a maioria das creches por aqui dá banho.
-Junto com os materiais que eles solicitaram, eu coloquei a escova e a pasta de dentes, nada mais natural, já que eles comem na creche. Não é não.
As creches não tem o hábito de escovar os dentes após as refeições, salvo as exceções.
-Entre os materiais do meu filho estão várias mudas de roupas para serem trocadas caso as suje durante o almoço, já que não existe banho. Eles não tem o hábito de usar um protetor para roupa. Tive que reclamar várias vezes sobre isso. Inclusive que quando eu buscava meu filho no fim do dia ele estava com o rosto e as mãos sujas de comida do almoço.
Como não escovam os dentes, eles também não lavam as mãos e o rosto.
-A creche disponibiliza um serviço de câmeras e você pode acompanhar seu filho em suas atividades. Eles só esqueceram de uma coisa EU acompanho. Os outros pais não. Aliás a creche disse que estes pais nem querem ser perturbados com "pequenos detalhes", são pequenos para eles, mas que para nós sul-americanos são enormes.
-Não temos nenhum problema em que coloquem meu filho de castigo, já que toda criança faz das suas e não existe profissional no mundo que discorde dos castigos educativos. Normalmente 1 minuto para cada ano, sentado em um lugar e bem quietinho. Só que colocaram meu filho mais de 15 minutos de castigo, sem violência, sem gritos, mas eu tenho certeza que depois dos primeiros 5 ele nem lembrava mais porque estava ali.
Aqui se acha isto normal.
-Na visão da creche só assim ele aprende. Agora me pergunta se ele voltou a fazer a mesma coisa pela qual ele estava sendo punido? Voltou claro. Agora se tivesse colocado ele várias vezes de castigo durante 4 minutos isto com certeza “quebraria” o problema e toda vez que ele fosse fazer de novo iria lembrar que seria afastado das brincadeiras durante aquele tempo.

Resumindo, nós brasileiros somos passionais, protetores, cuidadosos, queremos nossas crias ali na rédea curta, participativos, acredito que mais que outros povos. Pensamos em ajudá-los de todas as formas. Muitas vezes exageramos, mas somos um povo querido em qualquer lugar. Onde tem brasileiro, tem alegria, tem gente inteligente, tem trabalhador, tem lutador, tem gente que não tem vergonha de dizer e sentir.

Viver em outra cultura, aprender sobre ela é ótimo, mas ter bom senso que nem tudo que é bom para um vai ser bom para outro deveria ser uma regra mundial.

Não é?

_______________________________________________________________________________ Cristiane A. Fetter

7 comentários:

::Carina:: disse...

AAAAhhh!!!
Sério q é aasim, Cris?
Ó, não assimila esses costumes aí não, viu!?

Bjs pra vc!

Ana Cláudia disse...

Cris, eu imagino que deva ser muito difícil a gente se adpatar a um lugar tão diferente, das pessoas, ao clima, da lingua aos hábitos...

Volta pro Brasil!!!!!!

Cristiane A. Fetter disse...

É Carina, na maioria dos lugares aqui é assim. Claro que você encontra outros que sejam mais parecidos com os nossos costumes (principalmente de higiêne), mas por enquanto eu ainda não achei. E aliás meu filho está saindo de lá no momento em que eu estiver a caminho do aeroporto para o Brasil. E quando voltarmos para cá, ele irá para outro lugar que eu ainda não escolhi.
Volte sempre.
Bj

Cristiane A. Fetter disse...

É bem difícil sim Ana, mas ainda tem um lado positivo muito grande para a gente ficar por aqui, principalmente a segurança.
Mas me aguarde minha estadia de 3 meses no Brasil está assegurada e aí o meu filho vai ficar em uma creche para aprender que outras crianças no mundo falam português também e tem bons hábitos de higiêne, ha ha ha.
Me aguarde.
Beijocas

Ana Cláudia disse...

Nem me fale em segurança, fico babando com essa ruas com grama verdinha, calçadas largas, sem grandes no quintal nem na frente da casa...
Eu quase morei numa casa assim em SP. voltamos pro Rio antes de mudarmos prá essa casa.

Aqui, isso só se consegue em condomínios fechadíssimos e caros.

Só não gosto quando as casinhas são todas iguais (muito comum atualmente no Rio...um horror!), me dá uma impressão de conformismo, tédio, falta de criatividade.
Mas num bairro de casas diferentes, eu baaaaabo com essa tranquilidade e liberdade sem grades portões e muros.

Espero que não seja deserto de tão tranquilo...rs...

Cristiane A. Fetter disse...

Ana, esta falta de criatividade é culpa somente dos arquitetos e como toda moda você sabe que isto também existe nos arquitetos brasileiros, por isto está atualmente em moda no Rio, mas é mais antigo. É só você visitar e prestar atenção ao Rio Antigo. Tudo igualzinho e pior, colado um ao lado do outro. Mas eram outros tempos.
Quando eu digo segurança, não é só nas casas. Na área onde moro eu posso andar com o vidro do carro aberto, andar tranquilamente com a bolsa dentro do carrinho do supermercado, deixar meu carro com a chave na ignição enquanto pego meu filho na creche.
Esta é a maior tranquilidade que tenho aqui. Até mesmo em Nova Iorque que é uma megacidade, está muito tranquilo. Eu fui ver a parada da Macys e mais 2 milhões de pessoas foram. Tudo organizado, sem confusã e sem assaltos!
Mas nem tudo é perfeito, vide as creches.

Evellyn disse...

Cris, quanta diferença! Meu filho, por total falta de opção, ficava em creche para eu trabalhar. E o que mais se prezava era a higiene! Não tinha câmera, mas a carinha feliz de quando ele voltava pra casa era a certeza de que ele estava sendo muito bem tratado e feliz.
Beijos e boa semana